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Ações Legais - No início da entrevista o Dr. mencionou a advocacia de
um jeito diferente. Qual seria?
Demetrius Nichele Mace
i - Depois de testemunhar essas mudanças todas
cheguei a algumas conclusões. Minha carreira, apesar de dedicada sempre
a área tributária, foi bem variada. Iniciei na advocacia, depois trabalhei vin-
culado a empresa internacional de auditoria (tambémconhecida como “big
four”, emreferência as quatromaiores), trabalhei como assessor jurídico no
terceiro setor, como gerente jurídico no ramo industrial, como diretor jurí-
dico de empresa fora do país, além da atividade acadêmica constante. Há
dois anos saí da área corporativa e abri meu escritório. Observando a ativi-
dadeprofssional de todos esses ângulos, percebi quenãopretendo sermais
um advogado para engrossar a concorrência entre os escritórios existen-
tes. Não queria ter escritórios concorrentes, mas sim escritórios-clientes.
Explico: não se vê mais escritórios que se autodenominam “tributaristas”.
O que há é a denominada “advocacia empresarial”, que atua para empre-
sas na área tributária, cível, societária e às vezes trabalhista patronal. Ge-
ralmente, o discurso dos colegas é sempre o mesmo: “...atuamos em todos
os assuntos da empresa, exceto na área penal...”. Resolvi então não repetir
o mesmo discurso. Não quero disputar clientes com meus colegas. Passei
a oferecer meus serviços diretamente a outros escritórios que tenham af-
nidade commeu estilo de trabalho, para aqueles casos que demandem um
atendimento mais especializado. Se o cliente deles precisa de um parecer
jurídico para a auditoria externa, estudo o caso e forneço, se precisa da atu-
ação num processo relevante, de valor mais expressivo ou estratégico, as-
sumo geralmente num ponto determinado até um outro ponto determina-
do, junto aos tribunais ou até para apenas entregar memoriais ou realizar a
sustentação oral. Esses escritórios aparecem no meu site da internet como
parceiros. Combino um honorário para aquele trabalho, entro na questão,
presto meu serviço e saio. O cliente (empresa) continua sempre do escritó-
rio parceiro. Dessa forma, sou visto como um aliado de todos, reforçando
os laços de confança. Creio que este é o verdadeiro contrato de associação
de escritórios, não aquela linha tênue entre o regime da CLT e a sociedade,
que muitos escritórios praticam para desembolsar menos com sua equipe.
Até mesmo na estrutura procurei inovar. Não tenho uma estrutura física só
para mim. Utilizo a dos meus parceiros. Alguns deles têm até uma sala re-
servada para mim. Com isso tenho mais de um endereço e ao mesmo tem-
po mantenho uma estrutura mínima. O atendimento na área tributária em
geral ocorre nas dependências do cliente, na empresa. É raro o atendimento
de clientes no escritório, mesmo na advocacia convencional. No meu caso,
menos ainda, pois o cliente-empresa, quando for ao escritório irá ao meu
cliente (escritório) não ao meu. Tenho processos que atuo do inicio ao fm,
apresentando-me como único patrono da causa. Mas isso é uma questão de
estratégia, discutida e decidida em comum com o meu cliente-escritório.
Curiosamente, tenho outros processos em que atuo do inicio ao fm, mas
meus clientes são também advogados, atuando em nome de sua sociedade
contra terceiros. Meus melhores clientes são, sem dúvida, os advogados.
Ações Legais - Mas como o Dr. consegue atuar e controlar o anseio do
cliente, pois eles devem procurá-lo também para a contratação direta,
não?
Demetrius Nichele Macei
- Certa vez um colega, com muitos anos de ex-
periência na advocacia, me disse que é humanamente impossível atender a
mais do que meia dúzia de clientes. Quando aparece o sétimo, é preciso de-
legar o atendimento. É verdade que ele tinha grandes clientes com deman-
das complexas, que requeriam sua constante atenção. Esse é mais um bom
motivo para eu não aceitar o cliente que vem de um parceiro e me procura
diretamente. Caso o cliente não tenha advogado, eu procuro ser honesto ao
dizer que não tenho tempo ou, se tiver (menos de meia dúzia de clientes),
esse tempo pode sair caro, pois aminha dedicação será sempre direta e pes-
soal, sem delegações. Vejo que poucos advogados atendem pessoalmente
a causa do começo ao fm. Acho que o advogado deve ser como o médico.
É nele, pessoalmente, quem o cliente deposita sua confança, não na equi-
pe dele. Por melhor supervisionada que seja a equipe, não é ele. Acho que a
equipe deve atuar com inteligência, para evitar a concentração num só ser
humano, que pode ser acometido por indisposições, ausências prolongadas
etc. No meu caso, utilizo em geral a equipe do escritório parceiro, mas pro-