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A obra
A seguir um trecho extraído do livro.
“O Brasil tem seu lado vitorioso. Existe o Brasil que deu certo. Nas três úl-
timas décadas, por exemplo, alcançamos três impressionantes conquistas:
(a) movimento das diretas-já, em 1984, que sepultou a ditadura militar e
restabeleceu a democracia, legando-nos a Constituição de 1988; (b) o Plano
Real, iniciado em 1994, que venceu a infação e estabilizou a moeda e tam-
bém os referenciais econômicos; (c) o programa de inclusão social e a luta
contra amiséria, que se transformaramempolítica de Estado em 2002 (essa
iniciativa, de acordo com o IDHM, da ONU, contri-
buiu para o Brasil crescer, de 1991 a 2010, 47,5%, em
média, nos itens “expectativa de vida”, “renda per
capita” e “matriculados em escolas”). Essas mudan-
ças aconteceram sob a batuta de grandes lideranças
políticas do MDB, PSDB e PT, respectivamente. São
pontos positivos para o Brasil que deu certo, para o
Brasil civilizado.
Paralelamente, existe também o Brasil que deu er-
rado ou que ainda não deu certo: o Brasilquistão. Al-
guns de seus pilares são: (a) apartheid (divisão de
classes totalmente discriminatória, fundada em de-
sigualdades aéticas), (b) guerra civil (violência epi-
dêmica), (c) inefcientismo do Estado, (d) represen-
tação política ilegítima e desastrada e (e) “dialética
da malandragem” (Antonio Candido), que é a mãe
da corrupção.
Diante do que relatamos, nossos próximos cinco
grandes desafos, sem prejuízo da manutenção do
que já foi conquistado, cujos líderes à época não sa-
bemos quem serão, são os seguintes: (a) combater
nosso apartheid socioeconômico por meio da edu-
cação de qualidade como política nacional prioritá-
ria em tempo integral, das 8 às 18h, obrigatória até
aos 18 anos, criando igualdade de condições e de
oportunidades para todos; (b) enfrentar a questão da violência/segurança
pública, com o frme propósito de acabar com nossa discriminatória guerra
civil, levada a cabo pela polícia militarizada; (c) cobrar maior efciência do
Estado para melhorar a qualidade dos serviços públicos nas áreas de saúde,
transportes, justiça etc.; (d) digitalizar e revitalizar a velha democracia re-
presentativa (criando o Fórum Cidadão, para a implantação da democracia
direta digital); e (e) atacar a endêmica corrupção em suas raízes, difundin-
do o ensino da Ética para todos os habitantes do país.
“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar” (Antonio Machado).
Enquanto houver esperança de mudanças, nossa mobilização nas ruas e
nas redes sociais não pode cessar, nem agora, nem nunca, até conseguir-
mos eliminar das entranhas do Brasil que deu certo as barbáries do Brasil
que deu errado. Barbárie ou civilização: eis a questão!”
Jurista aborda em livro
protestos massivos
no Brasil
O
jurista Luiz Flávio Gomes lança este mês o livro Por que estamos indignados? Das
barbáries dos poderes à esperança de civilização, justiça social e democracia digital,
pela Editora Saraiva. A obra versa sobre o país onde vivemos, que é marcado pelo
apartheid socioeconômico (divisão, segregação, balcanização), pela lógica da guerra civil e
pela dialética damalandragem(Antonio Cândido), que é amãe da nossa enraizada corrupção.
O livro também retrata as peculiaridades de um momento histórico para o país – os pro-
testos massivos de junho, quando o povo brasileiro saiu em massa às ruas em busca de
novos valores, nova cultura, nova democracia, nova governança.
O autor é jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Ins-
tituto Avante Brasil e coeditor do atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça
(1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).
Luiz Flávio Gomes retrata as peculiaridades de um momento histórico para o país
Divulgação
“Por que estamos
indignados?
Das barbáries
dos poderes à
esperança de
civilização, justiça
social e democracia
digital”, de Luiz
Flávio Gomes,
Editora Saraiva, 152
páginas, R$ 37,00.