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Contexto das sociedades
de advogados no Brasil
Por Márcia Bicudo, advogada
N
os últimos anos, o mercado jurídico brasileiro vem passando por uma intensa
profssionalização e valorização. Segundo dados apurados junto a empresas de
hunting jurídico cerca de 7% das posições em aberto são direcionadas a esse mer-
cado (advogados, paralegais,
consultores, secretárias, as-
sistentes, etc.), sendo que de
60% a 80% da procura para as
posições esta concentrada
no sudeste do Brasil.
A busca por talentos é gran-
de nos dois ambientes - so-
ciedades de advogados e
departamentos jurídicos cor-
porativos, o que desafa as
empresas a oferecerem me-
lhores salários e benefícios
para atrair o interesse.
O prognóstico é que o con-
tingente de advogados ha-
bilitados às práticas jurídi-
cas (com OAB) baterá a casa
do primeiro milhão em 2014,
além dos bacharéis (sem
OAB, concursantes ou re-
provados) que representam
um número muito maior.
Será que há mercado para
tantos profissionais e tanta
diversidade? Ouso dizer que
sim e que a área do direito é uma das que oferece maiores oportunidades de carreira,
ainda que não seja diretamente ligada à técnica jurídica.
Com o crescimento do mercado e necessidade de profissionais diferenciados, vários
escritórios passaram a recorrer aheadhunters, prática ainda pouco usual para o setor
que trabalha essencialmente com indicações pessoais e diretas. Na mesma tendên-
cia, outras práticas de profissionalização dos escritórios, como a implementação de
gestão legal, principalmente após processos de cisão, fusão, crescimento de deman-
da e abertura de filiais interestaduais, aumentam as posições em aberto.
Hoje existe uma lacuna na profissionalização da gestão das bancas, que destoa da
realidade da maioria dos clientes corporativos. Dados da OAB refletem que a grande
maioria dos escritórios jurídicos encerram suas operações antes de completarem um
ano por falta de preparo em gestão. Conceitos simples de planejamento, orçamento,
fluxo de caixa, fundo de reserva são desconhecidos para a grande maioria dos profis-
sionais recém-formados e que não possuem uma experiência corporativa pretérita.
O desafio de mudança de paradigma a ser enfrentado é desmistificar e adaptar os
conceitos da gestão legal como estratégia de valor e diferencial agregado à atuação
técnica do advogado. Não basta só conhecer profundamente a operação, a cultura
e o planejamento do cliente- esse conhecimento deve gerar informação relevante e
ser “tratado” não só de forma qualitativa mas também de forma quantitativa e ple-
namente mensurável.
Para o cliente da advocacia, mais importante que o trabalho técnico visando ganhar as
causas e diminuir o contingenciamento da empresa é gerenciar e medir diariamente
os riscos da sua atividade e controlar o impacto nos seus resultados e na sua imagem.
O escritório terceirizado figura como a extensão do cliente e essa exigência influencia
sua forma de prestar os serviços.
É comum os contratos com os clientes preverem níveis, indicadores e metas exigíveis
nos serviços jurídicos terceirizados e estabelecem bases quantitativas plenamente
mensuráveis para avaliar os resultados. E a gestão da informação, a tecnologia utili-
zada, a comunicação de dados com o cliente também é fundamental para sustentar
as atividades do escritório.
Levantamentos recentes realizadas pela MOBIdomo com gestores de departamentos ju-
rídicos retratam que as empresas tendem a ter maior tolerância com as perdas fnancei-
ras em condenações judiciais do que com os impactos causados pelo abalo de reputação
e imagem do escritório - que podem signifcar perda de mercado e abertura de espaço
para a concorrência.
Foto: Divulgação