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Cultivando a Justiça
Por Marcia Yamamoto
O
programa “Cidadania e Justiça também se aprende na escola” está presente em
dezenove Estados brasileiros com atendimento de aproximadamente 13 milhões
de alunos. A Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB, é quem desenvolve
o programa desde 1993. No Paraná, foi implantado pelo magistrado Roberto Portugal
Bacellar com a denominação “Justiça se Aprende na Escola”, e realizado pela 2ª Vice –
Presidência do Tribunal de Justiça do Paraná.
O projeto consiste na visita de equipes formadas por juízes, promotores de justiça e ad-
vogados preocupados em proporcionar aos alunos esclarecimento e refexão. O público
alvo do programa são as crianças e os adolescentes da rede pública de ensino e as pales-
tras são ministradas em linguajar simples e informal, para que se atinja o objetivo que é
a aproximação da sociedade com as pessoas envolvidas diretamente na aplicação do Di-
reito. Nas visitas é perceptível o volume de problemas da comunidade em sua especifci-
dade, mas também percebemos de forma ampla que a noção de Justiça está muito longe
de ser compreendida por aqueles em condição desfavorável.
Até aqui nenhuma novidade, porém fca ainda mais evidente que a educação é o gran-
de canal para solucionar os problemas sociais; o programa permite que os profssionais,
cada qual em seu papel, como o juiz representante do Estado para dizer o Direito, o pro-
motor como fscal da lei e o advogado como pacifcador social, ajam incentivando cada
um desses alunos para o aprendizado.
Problemas de ordem familiar e violência contra o professor são assuntos bastantes disse-
minados, pois grande parte dessas crianças vem de famílias desconstruídas e de bairros
violentos sendo os professores seus únicos mestres e impulsionadores. Com o programa
as pessoas ligadas ao Judiciário aproximam-se da sociedade dando incentivo à cidadania,
que somente se realiza através da educação, ao cultivar em cada aluno uma postura crí-
tica, capaz de ação e transformação, preservando sempre o respeito pela dignidade da
pessoa humana e a igual garantia dos direitos das pessoas, como parte fundante da so-
ciedade e das organizações do Estado.
As equipes são formadas por aqueles que disponibilizam um pouco de seu tempo para
“trocar” experiências com jovens, que numa primeira impressão parecem estar muito
distantes da nossa realidade e vice-versa. Num primeiro momento somos recepcionados
pelo diretor ou coordenar pedagógico da escola, os alunos nos observam com curiosida-
de e um tanto receosos, mas aos poucos vão se sentindo à vontade para lançar perguntas
que, em geral, fazem parte da realidade em que vivem.
Com essa refexão, pessoalmente, entendi que é preciso coragem para enfrentar mudan-
ças contínuas da sociedade, afrmando e atuando sempre com responsabilidade social.
O olhar de cada um desses alunos exprime vontade de aprender e, na medida em que o
Estado garante educação, saúde e segurança, teremos cidadãos conscientes e capacita-
dos que, mesmo diante dos vários problemas que temos no nosso país, irão enfrentá-los
e fazer um futuro melhor.
Fonte: Cartilha da Justiça, pagina 3, Editora Globo
Marcia Yamamoto, advogada do escritório Neves Macieywski e Advogados Associados
Foto Bebel Ritzmann