Edson Vidal

Mais Um Conto de Natal!

Era uma vez, em um reino encantado chamado Brasilis, onde tudo acontecia como passe de mágica, que seu famoso Rei Temeroso II, casado com a bela Marce Esplendorosa, acordou assustado pelo sonho que tivera. Nele Temeroso II era um simples senador da república que tramava com Frederico Henrico Cardido, aristocrata banido do reino e Louca Maria, Defensor das Causas Perdidas, a queda da monarquia para instaurar a República Popular do Baixo Clero.

A trama foi descoberta e os três foram condenados a morrer na câmara de gás. É por isso que o Presidente Evo fora convocado às pressas para comparecer no Palácio, para garantir a costumeira entrega do gás boliviano.

Esta a razão da inesperada visita. O Rei acordou quando a espetacular esposa roçou a perna ao encontro da sua. Estava com o pijama encharcado de suor, pois fora arrebatado da morte segundo antes de entrar na câmara de gás. Seus companheiros de infortúnio tinham passado desta vida para pior.

Assustado, resolveu convocar seu ministério e pediu que seus ministros, todos os homens e mulheres que simbolizavam a honestidade impoluta do seu governo, procurassem em todo o reino uma pessoa que pudesse interpretar o verdadeiro sentido daquele sonho.

Eles assim o fizeram. Cada um partiu para lugares diferentes e no final de uma semana, apenas o mais puro e honesto deles: o fiel escudeiro sem cargo e nem mala, alcunhado de Loures José, é que trouxe um adivinho capaz de ler qualquer tipo de sonho. Até o mais erótico.

Pois fora formado com louvor no Mobral de Garanhuns.
- Este é o homem, Majestade! (Disse Loures).

A Corte reunida ao redor do Rei aplaudiu freneticamente. o Rei então falou:


- Qual o seu nome, velho e carcomido homem?
- Lulis, Majestade, Lulis da Silva, mas querendo pode me chamar pelo apelido: Luiz Ignácio...

O Rei então contou o sonho. Lulis escutou com muita atenção e quando Temeroso II terminou de falar, o adivinho passou com os quatro dedos e meio da sua mão na própria barba, cerrou os olhos e finalmente falou:

- Ah! Majestade, que sonho mais sem graça...
- Como assim (interpelou o soberano indignado), eu quase morri !
- Que nada, foi um sonho sem nenhum perigo de vida e vou explicar.

Lulis num gesto teatral olhou os aristocratas da Corte, um a um, bem nos olhos e finalmente se dirigiu ao Rei :

- Tramar um golpe nas companhias de Frederico Henrico Cardido e Louca Maria é o mesmo que querer raptar a Dirma Rouca para casar: é desestimulante! Ou seja, um ato falho. Logo, neste trecho o sonho não passa de mera conjectura, nada mais.
- Por que? (Quis saber o Rei)
- O FHC está gagá e o Louca Maria não passa de uma farsa!
- E a minha morte na câmara de gás?
- Ora, o gás do Evo é mais nosso do que dele, está bem pago com o complexo da Petrobras que “foi” surrupiado tempos atrás ...
- E daí?
- Como é gás “Nacional” com certeza foi desviado para pagar propinas e só sobrou mesmo gás para encher bexiga! Logo é inofensivo.
- Então, não vou morrer?
Com essa pergunta Lulis esboçou um sorriso malicioso, típico de um político desonesto e na beira do abismo, e sem meias palavras concluiu:
- É a unica verdade do sonho!

O Rei quase caiu do trono e todos os presentes exclamaram um “hummm”.

- Vossa Majestade vai morrer, sim! Não agora, daqui mais uns vinte anos, nos braços da rainha ...
Lulis nem bem concluiu a frase porque foi interrompido pelas vaias incessantes da multidão, da plebe ignara que estava do lado de fora do castelo, ouvindo a interpretação do sonho através dos auto-falantes instalados pelo sonoplasta real. Em seguida o povo reunido “que jamais será vencido”, invadiu o palácio e matou toda a corja de políticos e aristocratas que viviam até então “agasalhados” pelo Foro Especial! Dizem, não posso afirmar que esta é a verdadeira história da queda da Bastilha: o início da Revolução Francesa de 1.793. Vale a pena conferir, inclusive a data. A partir desse episódio o povo pensou que seria feliz, infelizmente apesar da mortandade da Revolução, Lulis conseguiu sair de fininho, leve e solto e está fazendo campanha política para voltar ao “trono”...

“História de Natal não precisa ter necessariamente Papai Noel e nem Pinheirinho.
Ela tem que ter um final feliz, ou, miseravelmente, quase feliz!
Edson Vidal Pinto

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