Edson Vidal

O Brasil com Cheiro de 64!

E desta vez foram os caminhoneiros trabalhadores que acenderam o estopim da revolta contra o abuso do desgoverno Temer. O aumento do combustível foi criminoso para o bolso dos brasileiros; o achaque da Petrobras  e o anúncio do próximo aumento da energia elétrica soou como duas bombas que vão fazer estragos na nossa frágil economia. 

Estamos vendo um presidente acuado e sem possibilidade moral de agir, está à mercê de monopólios estatais que abusam de seus poderes monárquicos e absolutos para se ressarcirem de perdas motivadas por governos petistas que foram nefastos, querendo que os usuários paguem pelo que não fizeram.

A classe política está pasma com a reação dos motoristas porque lhes falta credibilidade para mediar conflito de tamanha proporção. O perigo do desabastecimento é iminente; a correria nos supermercados está flagrante, os aviões, barco, carros e demais veículos que dependem de combustível estão com os dias contados. Sem falar no gás de cozinha, no recolhimento do lixo, nas ambulâncias e carros de bombeiros. Mais três dias e teremos o efeito Venezuela, felizmente sem participação de nenhuma bandeira vermelha que o povo trabalhador abomina.

Essa “guerra” é contra a sem-vergonhice, contra os políticos corruptos e demagogos que fazem da República um palco para suas frustrações ideológicas. Agora, perante a revolta anunciada, esses indivíduos estão calados, com medo de suas próprias sortes; quem sempre subiu na tribuna do Congresso Nacional para destilar ódio contra o Império da Lei, com certeza está com as roupas íntimas borradas, falando baixinho e se escondendo para não ser lembrado.

É sempre assim; infelizmente em nosso país a História se repete porque os fatos e os figurantes de ontem, são os mesmos de hoje. Os Fernando Henrique que deram ensejo para a revolução de 64 é os mesmos que hoje continuam dando motivos para o país sucumbir.


Tantos fizeram e abusaram da licenciosidade, da ideologia, da moral duvidosa, do racismo e da divisão de classes sociais que estão espremidos, sem voz, prontos para levantar voo para algum outro país. E se o movimento de paralisação dos bravos caminhoneiros contar com um mínimo de colaboração popular, o que aconteceu em 64 poderá também se repetir. Se será bom ou não, ninguém tem bola de cristal para saber.

Seria melhor nesta hora de duvida e apreensão que o Presidente acordasse de seu sono letárgico  e desse um murro na mesa, mesmo que seja um gesto fingido, mesmo que gaguejando, para determinar o recuo dos aumentos anunciados em nome da paz social. Depois disso, que seja homem e tome uma única atitude decente perante o país, não o de renunciar porque seus sucessores são figuras carimbadas dos fichários policiais, mas permanecer no cargo por ser aparentemente o menor pior, e exonerar incontinente todos os atuais ministros de seu governo que estão comprometidos na Lava Jato e na propinagem oficial.

Daí então, tentar levar como puder o governo nos próximos meses até  passar ao seu sucessor, na esperança de que este leve o Brasil ao rumo certo. Utopia? Quem sabe, tudo ficará na consciência do eleitor em saber escolher os nomes certos. Enquanto isto paira no ar um cenário muito parecido com os idos 64, só que desta vez orquestrados pelos bravos caminhoneiros que transportam riquezas e tudo de bom que existe em nosso país...

“A crise é muito séria e exige prudência. Aumentos de preços descabidos em um momento de penúria do povo, soa como deboche e descaso. Cabe ao Presidente, sair de seu casulo de conforto, agir como homem, fingir que é estadista, e dar a voz de recuar. É o que lhe resta para salvar as aparências”.
Edson Vidal Pinto

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