Edson Vidal

Máquina é Máquina.

Cada dia que passa mais a tecnologia avançam, as máquinas estão ocupando a mão de obra em todos os setores produtivos e nas áreas de prestações de serviços.

Lembro quando morava em Jaguapitã, cidade hospitaleira do norte do Paraná, quando ainda as plantações de café eram sinônimas de riqueza e a principal economia do estado, que nas fazendas trabalhavam centenas de famílias na coleta dos preciosos grãos de “ouro verde”. E o mesmo acontecia nas áreas destinadas ao plantio do algodão, o “ouro branco”. 

Porém da noite para o dia surgiram às primeiras máquinas nas lavouras do café e espantaram os colonos. Veio a grande geada e pouco restou dos imensos cafezais. E o algodão prosperou. Diziam os entendidos que para catar o algodão dos galhos somente era possível com as mãos humanas; ledo engano. Hoje a máquina faz com perfeição este trabalho, com menor custo e menos tempo.

O homem foi perdendo o seu lugar no campo. Na medicina a tecnologia impulsionou a arte médica e tornou-se peça insubstituível e necessária, na facilitação dos diagnósticos e na perfeição das grandes cirurgias. Na advocacia o profissional faz do computador a ferramenta básica para seu mister.

E assim todas as atividades praticadas pelos seres humanos nas suas diversas áreas de atuação, a máquina se faz presente. Na indústria, comércio e pecuária. E o aumento demográfico impõe o uso da máquina, tal como na Justiça Eleitoral. É muito melhor teclar com os dedos uma urna eletrônica do que escrever em uma cédula, pois no primeiro caso o resultado da eleição é quase imediato, enquanto que para conferir o resultado manuseando cédula por cédula exigiria dias de trabalho das pessoas requisitadas para este trabalho.

A confiabilidade da máquina é maior, quem um dia trabalhou de mesário nas apurações de votos, sabe muito bem do que estou escrevendo. Só que a máquina é máquina, nem sempre ela funciona quando queremos. É como  os aparelhos domésticos que acusam defeito no momento mais indesejável. E o mesmo acontece com a urna eletrônica; por mais que se faça teste e manutenção na hora agá ela deixa de funcionar.

Exemplo mais corriqueiro é o da biometria, pois nem sempre a máquina é liberada pelo simples toque das impressões digitais do eleitor, o mesário muitas vezes tem que manipular seu uso através de outro meio. Eu mesmo nunca consegui liberar a urna com o simples toque dos meus dedos. E fui Presidente do Tribunal Regional Eleitoral quando este processo de votação ocorreu pela primeira vez. 

E quando a erro na hora de digitar o voto é evidente que a máquina está com defeito e precisa ser substituída com urgência. Claro que isto causa transtorno, mas não podemos esquecer que a urna eletrônica é uma máquina, ela pode deixar o usuário na mão.

Em todas as eleições sempre estão previstas as substituições das urnas defeituosas, cabendo aos mesários serem diligentes e avisarem à Justiça Eleitoral para as providências devidas.

O despreparo dos voluntários da seção eleitoral muitas vezes concorre, inadvertidamente, para as reclamações e dúvidas dos eleitores quanto a segurança das urnas eletrônicas.

Mas estas são rigorosamente fiscalizadas, eventuais burlas só podem ser grosseiras e fáceis de serem detectadas. Não conheço até hoje nenhuma comprovação de adulteração de urnas oficiais da Justiça Eleitoral.

Afinal, elas estão sob os olhos atentos dos fiscais e delegados de Partidos, funcionários dos Tribunais Regionais Eleitorais dos Estados, dos Juízes e Promotores eleitorais. Pensar em manipulação de resultados só com a total conivência destes profissionais, quer no âmbito regional, quer na área do Tribunal Superior Eleitoral. Erro e duvida mesmo, só se for por defeito da urna eletrônica, nada mais...

“ Em um grande número de urnas eletrônicas espalhadas em todo o estado, apenas em algumas delas ocorreram defeitos e geraram dissabores entre os eleitores. O uso de máquinas é sempre imprevisível. Mas isto não depõe contra o prestígio e a respeitabilidade da Justiça Eleitoral. ”
Edson Vidal Pinto

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