Histórias em Quadrinhos.
Bons tempos em que as bancas de jornal e revistas exibiam para a venda uma variedade enorme de gibis que fascinavam crianças e adultos. E foram tantos os heróis das revistas em quadrinhos que habitavam o imaginário infantil.
O genial Walt Disney com seus artistas gráficos apresentavam as aventuras do Pato Donald, sua namorada Margarida e os três sobrinhos endiabrados: Huguinho, Zezinho e Luizinho. E em cada história aparecia o milionário Tio Patinhas, o sortudo Gastão, a Vovó Donalda, o cachorro Pluto e a Clarabela.
E para quem gostava de histórias de polícia e de mistério lia as aventuras do Mickey, Pateta, Minnie, João Bafo de Onça e os irmãos Metralhas. E para os amantes do “bang-bang” tinha gibis do Hopalong Cassidy, Black Diamond, Gene Autry, Roy Rogers, Durango Kid, Zorro e Buck Rogers.
E para os mais exigentes e requintados a leitura preferida era do Fantasma, Nick Holmes e Mandrake. Os que gostavam de aventuras no espaço não havia nada melhor do que o Flash Gordon; e nas selvas o Tarzan com a sua namorada Jane e a macaca Chita.
Nossos super-heróis festejados eram o Capitão Marvel (Billy Batson) sempre na luta contra o Dr. Silvana, Super-Homem, Capitão América, Batman e Robin. Fora outras revistas cujos títulos minha memória apagou. Vale ainda registrar de uma época não muito remota, as fantásticas revistas do espetacular Ziraldo (Saci-Pererê e a Turma do Pererê) e o estupendo Maurício de Sousa (Mônica, Cebolinha, Magali e a Turma da Mônica).
Também figuravam nas bancas as revistas: O Bozo, O Recruta Zero, O Frajola, Tico-Tico (Vovô Felício) e Os Três Patetas. E ganhar ou comprar uma única revista era a alegria da semana inteira, pois os pais eram comedidos nos gastos, pois o dinheiro era pouco. E quando era possível juntar alguns gibis o melhor mesmo era trocar por outros e não tinha melhor lugar do que na fila ou até dentro do Cine Curitiba, na Rua Voluntários da Pátria.
E com menor movimento de pessoas, mas possível realizar o escambo, bastava ficar na frente do Cine América, alguns metros distantes do primeiro cinema. E às vezes alguém ofertava para troca revista em terceira dimensão, tendo como acessório um óculos de papelão com “lentes” de plástico, uma da cor vermelha e a outra da cor verde. Estas edições permitiam que o seu dono trocasse uma delas por cinco gibis tradicionais. E não faltava disputa nas trocas prevalecendo daí a solução através da lei da oferta e da procura.
As matines de domingo no Cine Curitiba eram concorridos não só pelos “trocadores de revistas” como, principalmente, porque em uma só sessão passavam dois filmes e o episódio de um seriado (Falcão Negro, Charlie Chan, etc). Hoje em dia as crianças não cultivam o hábito de ler gibi (muito menos os adultos), pois os aparelhos eletrônicos e os desenhos que são transmitidos pela TV, por serem mais coloridos e barulhentos, atraem muito mais as atenções e não exige pensar. Os gibis diminuíram de tamanho e os “velhos” heróis foram sepultados.
É nos filmes de Hollywood que hoje em dia o público de “histórias em quadrinhos” se vale para assistir enredos mais bem engendrados, com cenários aprimorados por imagens computadorizadas e com som de primeira, onde figuram alguns heróis de ontem junto com os exagerados mutantes de hoje.
E as arrecadações nas bilheterias são as verdadeiras galinhas dos ovos de ouro. Claro que são reflexos da modernidade e dos novos tempos. Ah, mas eu confesso que gostaria de voltar no tempo, para ler as aventuras do Bolinha disfarçado do detetive Aranha, seguindo as pistas do “criminoso” que sempre era o pai da Luluzinha. Era muito mais divertido, eu acho...
“Ler gibi era um meio de despertar o gosto pela leitura. Tinha heróis e histórias para todos os gostos. Fazia parte da diversão de uma geração que fazia da imaginação o néctar da vida!”
Edson Vidal Pinto