Edson Vidal

Sem Assunto.

Sentei no meu escritório para dedilhar meu telefone celular a fim de escrever esta crônica, porém não encontrei assunto. Olhei os livros de minha biblioteca na certeza de que um deles serviria para despertar minha inspiração, passei os olhos sobre os títulos, li os nomes dos autores  e nada.

Não encontrei nenhuma motivação e desisti. Liguei a TV e estava passando um documentário na programação de canal de assinantes que despertou minha atenção pelo título: “Desastres Aéreos”. E acabei assistindo. O roteiro era de uma investigação sobre o desastre com um avião comercial de transporte noturno, de três tripulantes, que caiu quando aterrissava.

Os três tripulantes sobreviveram à queda. Os peritos concluíram que não houve falha mecânica, portanto, o acidente se deu por falha profissional. Estes eram empregados experientes com mais de vinte mil horas de voo cada um. Daí a dúvida suscitada esbarrava na experiência da tripulação: piloto, copiloto e engenheiro de bordo. Pois em regra, funcionários experientes não causam a queda de uma aeronave.

Então os investigadores passaram a checar as atividades dos mesmos nos dias que antecederam o voo. E descobriram pelos registros da companhia aérea que a tripulação estava voando há  um dia e meio sem descansar. E concluíram que o estresse prejudicou o raciocínio dos aeronautas na hora da aterrissagem e foi responsável pelo acidente.

Mas por quê? E na busca de uma resposta plausível concluíram que as companhias aéreas obrigam seus funcionários trabalhar além das horas permitidas, para obterem mais lucros. E a tripulação acuada e com receio de perder o emprego se submete a obedecer à ordem dada.

Na conclusão do inquérito a tripulação foi absolvida e a empresa punida com pesada multa. Logo me lembrei da minha viagem de carro no dia anterior à Paranaguá. Na rodovia vi tanta imprudência dos caminhoneiros, excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas e muitos com semblante cansado como se estivessem de mal com a vida. 

E pensei: será que esses motoristas não sofrem estresse por que são obrigados a trabalhar além do período razoável para dirigir caminhão? Quem fiscaliza ou faz o controle de viagens de cada motorista? Não seria pela inexistência desta fiscalização a maior culpada pelos acidentes ocasionados pelos caminhoneiros? É possível, não é verdade? Eis um tema que nunca havia pensado. Quantos acidentes ocorrem nas rodovias, vidas perdidas e famílias destroçadas.

Está na hora dos legisladores pensarem em coibir e fiscalizar as firmas transportadoras e contratantes de fretes, para cobrarem os registros de horas rodadas dos motoristas transportadores de cargas.

E o registro bem que poderia receber um visto chancelado nos postos quase inoperantes da Polícia Rodoviária, impondo aos infratores a suspensão de suas carteiras de habilitações. Fica a sugestão; puxa para quem não tinha assunto para escrever, parece que rendeu uma boa história... 

“Não é possível tantos acidentes nas rodovias do país”. Os motoristas amadores quando ocasionam sinistros, via de regra, deve-se a imprudência e a negligência. Igual aos caminhoneiros; porém muitos destes dão causa por estresse. E quem fiscaliza as condições  de discernimento  mental dos motoristas profissionais? Eis uma questão a maturar!”
Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.