Adamastor, O Boca Suja.

Tem pessoas que dizem palavrões sem sentir; não importa quem esteja perto e nem o lugar. Estão tão acostumados que nem dão à mínima porque as palavras de baixo calão fazem parte do seu linguajar e do seu cotidiano. E o pior é quando os palavrões são hábitos da própria família, pois servem para ensinar os filhos menores.

E Tem pais que dão risada e acham engraçado; é como consentir que a criança bata no rosto da mãe ou do pai sem a reprimenda devida. Gesto que impõe severo corretivo. Eu conheci o Adamastor por acaso quando precisei consertar um pneu do meu carro e fui até a borracharia em que ele é o proprietário e único empregado.

Homem sofrido, rude, de idade avançada, pouca sorte na vida, com muito custo aprendeu a ser borracheiro depois de ter desistido de ser motorista de caminhão, em virtude de um acidente na estrada que lhe deixou traumatizado.

Apesar de tudo é trabalhador, impaciente, mas que gosta de falar de política e dos políticos, tudo com frases recheadas de “belos” e impublicáveis “nomes feios”. No local tinha uma placa onde estava escrito: “Borracharia. Proprietário: Adamastor Amado de Freitas”.

Abri a janela do carro e perguntei para a única pessoa da borracharia: 
- Bom dia Adamastor...
- Olá gente boa, o ($&@) do pneu está vazando?
- Sim.
- Que (&@$) hein?

Não respondi, desci do carro e fiquei vendo o cidadão trabalhar. Enquanto ele tirava o pneu não perdeu tempo de conversar sobre política:
- Político é uma (&$@) mesmo!
- Por quê? 
- O governador quis acabar com a mamata dos ex-governadores de usufruírem aposentadoria do ($&@) e os “nossos” deputados de (&@$$), simplesmente votaram em manter aqueles que já recebem e proibir que o os futuros governadores recebam tal imoralidade! ! Que (@&$), não?

Fiquei mudo.
- E os beneficiados não têm vergonha na cara e acham que tem direito desta aposentadoria (&$@)!

Continuei mudo.
- Com está classe de políticos (?&$) não há a mínima chance do país sair da (!@$) que os petistas nos colocaram, não é mesmo?

Preferi não responder mesmo provocado. Mas o Adamastor não se fez de vencido e continuou:
- Já imaginou que ($@&;) pagar para o Requião uma aposentadoria? E para o Richa? E para o...

Achei melhor interromper a conversa, para não dar muita “ganja” ao palpiteiro.

Desviei a conversa:
- E o Sarney, a Dilma, O Lula, o FHC, Temer...
- Um bando de (&$!@) que só desgraçaram o nosso país! Deviam ser internados num hospício...
- Calma Adamastor, cuidado com o coração!
- Meu ($&@) do coração está (&$@) por causa desses (?&$)!!!

Ele estava ficando tão exaltado e as veias do pescoço estavam tão grossas que parecia que iam explodir. Mudei novamente de assunto:
- E o Dirceu?
- Colega, este (@$&) já deveria estar cumprindo pena desde que nasceu. E digo mais: é o pior e o mais perigoso de todos! Um dissimulado do (Xbox)!

Foi neste momento que chegou uma moça, dentro de um BMW conversível, e perguntou para o Adamastor:
- O senhor conserta pneu de BMW?
- Não madame - respondeu o impaciente borracheiro - eu só conserto pneus do (k$d)!

Pneu de BMW quem conserta são os médicos do Hospital das Nações!

A moça deu meia volta com o carro e sumiu do lugar. Fiz de conta que não ouvi a grosseria e prometi para mim mesmo nunca mais procurar a borracharia do Adamastor.

Salvo se um dia eu estiver acompanhado da Gleisi...

“Tem gente que diz palavrão sem sentir e nem se importa onde esteja. Criança quando diz é porque seus pais não souberam educaram. E o Adamastor quando fala impropérios é porque está com tolerância zero!”
Edson Vidal Pinto