Edson Vidal

E Ele não Aguentou!

E eu mordi a língua. Escrevi ontem perguntando: “Você viu o Gilmar  por aí?”; mas ele não se conteve e emitiu sua catedrática opinião a respeito de uma suspeita clonagem telefônica entre o ministro Sérgio Moro e o Procurador Dalagnoll:
- Situação grave que deve ser apurada ao rigor da lei!

Uma pérola cultivada cuidadosamente entre as ostras do atual mundo jurídico, que despertou até o interesse da omissa OAB. Só que a opinião do Gilmar é diferenciada pois ele admite como juiz confabular com réu de processo (ele e Aécio), mas reprova sumariamente um pseudo conteúdo de um diálogo telefônico entre um agente do Ministério Público e um ex-Magistrado Federal.

O momento era de ficar de boca fechada. Porém ele não aguentou e opinou com típica leviandade; reação própria de homem vingativo e maledicente. Escrevi com  rudeza e não com palavras bem dosadas  do ministro Barroso, na carraspana que impôs ao Gilmar no Plenário do STF. 

Santo Deus vamos esmiuçar melhor o que são relações de amizades advindas do dia a dia da atividade forense, dos profissionais do Estado, advogados e partes como reflexo de educação e urbanidade. 

Escrevo por experiência própria e vivida intensamente nas salas de sessões, audiências, gabinetes e corredores dos prédios da Justiça. Quem é o melhor amigo do Juiz que não o Promotor e vice-versa? Quem faz carreira em uma ou na outra sabe muito bem que isto é verdade, salvo dentre aqueles que não são ligados pela empatia. Se alguém fizer um levantamento para saber quanto compadrismo frutificou destas amizades o Gilmar com certeza ficaria escandalizado. 

A diferença está no procedimento e conduta profissional que não perverte e nem compromete a atividade de nenhum destes amigos e compadres. Nunca, nunca mesmo conversei com qualquer um deles para prejudicar quem quer que fosse; as conversas amigas jamais serviram para compactuar como manobra processual para condenar ou absolver. 

O Juiz e o Promotor sabem melhor do ninguém zelar pelo prestígio de suas Instituições. O Dallagnol conversar no telefone com o Moro não causa nenhum tipo de espécie, seria anormal que entre eles não pudesse existir relação de afetividade; porém, nada induz no caso concreto que o diálogo tivesse sido tendencioso. 

A repercussão fica sendo fomentada por empresas jornalísticas e grupos de indivíduos que torcem para que o Brasil não dê certo. E pior do que isto? É quando ocorre posse no STF, STJ, TSE e outros Tribunais de Brasília quando seus ex-integrantes atuando como advogados militantes recebem privilegiados tratamentos e têm lugares de destaque nas sessões solenes, inclusive demonstrando que nunca perderam a majestade do cargo. 

Estes sim têm relações perniciosas com aqueles que ainda estão na ativa, pois são escolhidos a dedo por réus abastados para os defenderem no Tribunal que atuaram como Magistrados. Tem imoralidade maior? Se alguém um dia quiser passar à Justiça a limpo não pode olvidar destas relações promíscuas.

E os advogados sabem muito bem que isto é verdade, pois muitos procuram os ex-ministros dos Tribunais Superiores ( esposas e filhos) para como advogados defenderem as causas de seus constituintes. Principalmente aquelas que estão quase no brejo. 

Ninguém pode julgar ninguém por seus próprios pecadilhos e falta de ética. A OAB ensaiou que os protagonistas do telefonema fossem sumariamente afastados de suas atividades como se ambos fossem delinquentes sujeitos a imediata execração. Prato feito para proteger corruptos e bandidos da pior espécie. E todo brasileiro de boa índole sabe de cor e salteado os seus nomes...

“Clonagem de telefones para fins de produzir fatos sensacionalistas é prática corriqueira em um mundo tecnológico. Não existe mais privacidade. Todas as pessoas estão sujeitas a serem monitoradas e espionadas sem nenhuma exceção. Este é o novo mundo de um século que mal deixou ainda de engatinhar!”
Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.