Edson Vidal

A Cultura Na UTI.

Está as escancarar no país a falência do ensino fundamental e universitário. Parece que os mestres esqueceu-se de ensinar porque não aprenderam ou se deixaram fisgar pelas ilusões ideológicas.

É triste ouvir um professor do ensino fundamental sendo entrevistado pela mídia pelos erros de linguagem e dificuldades de comunicação. E nas universidades os professores têm decorativos títulos acadêmicos e pouca experiência -, frutos de um aprendizado que se expandiu comercialmente.

Têm mestres, doutores e pós-doutores formados a peso de ouro nas escolas especializadas. E os mais-mais abastados são acolhidos em instituições universitárias espalhadas pelo mundo. Mesmo assim o estudo no Brasil vai de mal a pior.

E não basta criar faculdades e nem distribuir diplomas sem se preocupar com a qualidade do ensino. No âmbito universitário a meritocracia foi vencida pelas cotas em nome da “democratização” do aprendizado. Uma lástima.

De outro viés acabou o tempo em que para ser professor era indispensável que a pessoa tivesse ideal, vontade de enfrentar um apostolado na vida e conviver com a pobreza franciscana cujo único prêmio almejado era apenas o reconhecimento de ensinar alguém para que o aluno pudesse enfrentar a vida.

Acabou a fase dourada e romântica do Magistério que seduzia a menina-moça a cursar o denominado “curso normal” - o mundo das normalistas - todas com vontade de espargir conhecimentos e participar nas salas de aulas com o honroso título de “professora”.

Ah, neste tópico não dá para esquecer as normalistas do Instituto de Educação, do Colégio Cajuru, do Colégio Sagrado Coração de Jesus e de tantos outros estabelecimentos congêneres que tinham em seus Corpos Docentes  Mestres que não apenas ensinavam suas alunas, como também, transmitiam às mesmas o amor imorredouro pelo Magistério.

Ensinar era uma arte que dignificava qualquer mortal. Quem não se lembra da sua primeira professora? Da segunda, terceira ou quarta, não é mesmo? E do professor de química, física, francês, inglês e espanhol? E daqueles que ensinavam matemática, geografia e história natural? E na universidade? Lembra da autoridade do Catedrático, do seu assistente ou do titular da Cadeira e do Professor Substituto? E na faculdade só se chegava com muita transpiração, estudo e garra para ultrapassar o vestibular sempre muito disputado pelos candidatos e que apenas alguns poucos conseguiam transpor suas portas e frequentar suas salas de aulas.

E passar no vestibular o “trote” era consequência de um momento litúrgico para os calouros e veteranos, porque a euforia de vencer tamanho obstáculo representava o início de uma nova e venturosa jornada de conhecimentos. Mas tudo mudou: o “trote” foi banido, os cotistas foram privilegiados em detrimento dos mais capacitados e o Magistério tornou-se profissão.

E os salários dos professores são medidos pelos seus próprios títulos acadêmicos. Claro que existem exceções. Mas uma verdade é inconteste: o ensino caiu no poço. Crianças, adolescentes e jovens estão cometendo verdadeiros atentados contra a língua portuguesa; desconhecem a História e não sabem tabuada; - mesmo assim são aprovadas de ano até receberem seus diplomas. 

Pudera até tal de Mercadante foi Ministro da Educação no Brasil, sem falar de um rol de inexpressivas figuras que ocuparam a titularidade daquela Pasta. E “reforma do ensino” foi o que mais se ouviu nestes últimos quinze anos sem qualquer resultado positivo para o país.

As escolas públicas na sua maioria estão depredadas e de igual às Universidades Federais; prova inconteste da falta de educação de seus frequentadores e do descaso das autoridades públicas. E reverter esta situação só reciclando os professores, exigindo disciplina e patriotismo.

Acabar de vez com as eleições internas para diretores e reitores e planificar um ensino que transcenda os resumos de apostilas. E esperar que os anos passem rapidamente para que um dia possa surgir uma réstia de cultura no horizonte...

“Nenhum país evolui quando o seu povo vive na escuridão da ignorância. Quando muito sua população se presta como massa de manobra para espertalhões e mal intencionados. E o Brasil é o melhor exemplo. Sem cultura o futuro não tem horizonte!”
Edson Vidal Pinto

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