Com Muita Honra Também Fui Policial.
Não, nunca fiz concurso de ingresso para qualquer das carreiras da Polícia, nem vesti farda e muito menos ostentei a carteira de Policial Civil, mas em diversas ocasiões atuei como um deles, ombro a ombro e sentindo a adrenalina tomar conta do meu corpo.
Quando o então Secretário de Estado da Segurança Pública, Procurador de Justiça Antônio Lopes de Noronha, me convidou para ser seu substitutivo legal naquela Pasta e acabei assumindo o cargo de diretor-geral, não imaginei que teria de enfrentar inúmeras aventuras.
Eu achava que minha função seria de gestor administrativo e financeiro com a representatividade burocrática. Ledo engano. Passei desde então a conviver com delegados, agentes de polícia e oficiais da Polícia Militar e conheci de perto suas atividades, anseios e preocupações.
E daí aprendi desde cedo a separar os bons dos maus policiais; aliás circunstâncias normais em todos os grupamentos humanos. Tem péssimos profissionais em todas as carreiras públicas e privadas. Infelizmente. Na época o governo estadual estava tendo dificuldades econômicas porque a arrecadação era insuficiente, fato comum em todas as administrações.
O Secretário com toda a sua competência e criatividade resolveu agregar as diversas forças policiais com fiscais da Secretaria da Fazenda e criou um programa chamado “Operação Integrada Paraná”, com deslocamento de equipes para as regiões estratégicas do estado a fim de combater a sonegação fiscal.
E não demorou em que o Governo Federal passasse a integrar as equipes com funcionários da Fazenda Federal e da Polícia Rodoviária Federal. E a mim coube coordenar as equipes e as execuções dos trabalhos.
E para estas tarefas tive que sair do gabinete para as frentes de trabalho. Eram duas “operações” por mês -, com deslocamentos de integrantes do Batalhão de choque, Polícia Rodoviária, Polícia Florestal, delegados e agentes de polícia e funcionários do fisco. E para dar resultado eram fechadas rodovias e seus diversos desvios para evitar fugas. E como resultado não só foram sitiados os sonegadores, como também contrabandistas e traficantes.
Eu participei de todas elas, de dia e muitas vezes de noite, com sol ou chuva. Encarnei o espírito desprendido de policial e pude avaliar de perto o risco de suas atividades. E com todos que trabalhei tenho gratas lembranças. A operação foi um sucesso e graças a ela o estado conseguiu o necessário equilíbrio. Pude com isto conviver respeitosamente com policiais civis e militares.
Foi por isto que anos mais tarde - quando Secretário de Estado da Justiça - nomeei para meu gabinete um delegado de polícia e um coronel da Polícia Militar. E quando terminou a “Operação Integrada Paraná” pensei que minha vida policial tivesse chegado ao fim, porém só pensei. Uma dupla de bandidos fez um assalto audacioso na sede do Banco do Brasil da cidade de Goioerê e mantiveram o gerente como refém, pois foram cercados pela polícia local. A pedido do Secretário lá fui eu para coordenar a operação policial e realizar atos de negociações que eu então só tinha visto na televisão.
Saí de Curitiba em um avião Seneca do governo do estado, de quatro lugares, eu, o coronel comandante do CPI e dois atiradores de elite: um da Polícia Militar e outro do Mossad. Coordenei com auxílio de delegados e o do coronel e negociei por três dias a rendição dos assaltantes. Episódio que daria para escrever um livro de suspense. No final tudo saiu a contento.
Eu com toda a minha experiência de Promotor de Justiça Criminal assimilei a vivência de um verdadeiro policial. É por isto que respeito e defendo os anseios da Policia do Paraná e dos integrantes que a qualificam. Talvez por estas razões eu tenha a ousadia de poder dizer que tive a honra de ter sido policial civil e militar...
“As Instituições das Polícias Civil e Militar dos estados têm que merecer as devidas atenções dos governantes. É imperativo aprimorar seus aprendizados técnicos, proporcionando logística e remunerações condignas. Nos países de primeiro mundo os policiais são valorizados e respeitados. Não podemos ser exceção. E que as respectivas Corregedorias e Serviços Internos saibam separar o joio do trigo!”
Edson Vidal Pinto