Edson Vidal

Vamos Viajar?

Feche os olhos e pense que você está no convés de um transatlântico na hora do por do sol quando a cidade de Veneza acende suas primeiras luzes, e o navio navega de mansinho pelo Grande Canal, apitando de quando em quando, e você fica olhando as pessoas na Praça de São Marco acenando para os passageiros, que retribuem com os olhos umedecidos aqueles gestos carinhosos de adeus.

E o grande e pesado navio desliza vagarosamente por uns quarenta e cinco minuto até deixar para trás as últimas luzes da bela Cidade dos Canais. Esta cena ficará marcada na sua retina para sempre; daí o navio adentra na escuridão da noite em direção ao Mediterrâneo.

Viajar por lazer é viver um sonho de olhos abertos onde à alma sorri, o corpo descansa  e o espírito encontra a paz. É pena que seja muito caro viajar. No Brasil: o nordeste com suas praias e coqueiros serve bem mais para os turistas estrangeiros do que para os próprios brasileiros, pois dependendo da distância a passagem aérea é exageradamente cara em razão do monopólio de três companhias exploradoras do nosso céu.

E os hotéis e resorts não ficam para trás, as diárias cobradas afastam e instigam até os turistas mais abonados a viajarem para fora do país. É a velho e surrado ditado de que “ao invés de explorarem o turismo, os empresários exploram os turistas”.

A cidade do Rio de Janeiro com todo o seu encanto e beleza perdeu a graça; o medo está em toda parte e a orla é o único lugar razoavelmente seguro para ficar. Mas as diárias dos hotéis são mais caras do que ficar hospedado no mais luxuoso hotel de Nova York.

E que tal viajar para o exterior? Para os Estados Unidos o dólar está na hora da morte, quando muito dá para ficar cinco dias em Miami e olhe lá, pois você gastará o mesmo que viajar para nordeste, ficando hospedado em um hotel de quatro estrelas. E para Europa com o valor do Euro é contrair dívida a ser paga por muito tempo depois da euforia da viagem. E financiar para viajar é padecer no paraíso.

E daí? O que fazer? Deixar a vida passar e permanecer no mesmo lugar, assistindo TV, sofrendo com os noticiários, pagando as mesmas contas e frequentando o mesmo shopping? Ora, vamos lá, ninguém merece não é mesmo? Mas eu tenho uma solução supimpa.

E para aproveitar basta ter imaginação fértil, tipo: não pode ir à Disneylândia então vá para o Beto Carrero -, não é igual e nem parecido, mas dá para sonhar.

Quem gosta de surfar e não pode ir para o Hawai, pode pegar ondas em Matinhos. Tudo bem, não é a mesma coisa, mas é o mesmo mar. Talvez você queira conhecer de helicóptero o Gran Canyon, também é possível se você usar a imaginação: vá até o Parque Barigui, compre passagem de helicóptero e peça para o piloto sobrevoar o Canyon do Quartelá em São Luiz do Purunã. É vapt e vupt. Sem maiores despesas.

Agora se você quer conhecer a famosa torre Eiffel de Paris, você pode ir até lá de ônibus. Isto mesmo: de ônibus! Basta ir à rodoviária e comprar uma passagem para a cidade de Umuarama. E quando você estiver chegando basta olhar para a janela do lado direito do ônibus e você verá a Torre Eiffel, como portal de entrada de uma fazenda de gado. Peça para o motorista parar, tire fotografias e mande para seus familiares e amigos. Eles com certeza vão morrer de  inveja...

“Viajar como turista é mero estado de espírito. Tem pessoas que em uma única viagem de ônibus em dezoito dias pela Europa, percorre nove países de ônibus, arrota peru e nem lembra direito por onde passou. Mas se você tiver imaginação e não quiser gastar horrores , basta ler esta crônica e boa viagem!”
Edson Vidal Pinto

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