Edson Vidal

Sem Rumo Não Dá!

Tudo bem que o Brasil de alguns anos para cá parece um avião desgovernado, voando dentro de nuvens escuras e não consegue se desvencilhar delas,  porque nem os pilotos e nem os passageiros decidem aonde querem chegar.

Dentro da aeronave o comandante e o co-piloto discutem entre si, o primeiro pretende aterrisar em um país de primeiro mundo, o segundo se contenta se o destino for a ilha de Cuba. Por sua vez o engenheiro de bordo traça a rota para que o avião faça um grande círculo, para não desagradar nenhum de seus dois superiores.

As comissárias de bordo estão alheias ao que está acontecendo e resolveram se trancar em um dos banheiros, para poderem fofocar à vontade. E os passageiros sem eira e nem beira ficaram gritando entre si, cada qual dando palpite acerca do itinerário a ser percorrido.

E para piorar a situação dentre os passageiros  tem três  que todos odeiam: o Gilmar, o Marco Aurélio e o Tite. E sem ninguém saber, na última fila de assentos, lado da janela, encostada na parede do banheiro dos homens, está um casal agarradinho, em lua de mel.

Ninguém viu seus rostos e por isto, não sabem quem são. A discussão é generalizada, os passageiros da esquerda querem tomar de assalto a cabine e assumir o comando da aeronave, o problema, no entanto é que ninguém sabe pilotar. Já a turma da direita tem brevê, mas não querem tomar a força o controle do avião, para não transparecer ato ditatorial.

E o casalzinho continuava pisando nas nuvens. O Gilmar tentou abrir a boca para dizer alguma coisa, mas levou um tremendo tapa de uma senhora, octagenária:
- Não se atreva falar, biscatão! - disse ela - aqui ninguém quer habeas corpus!

Foi daí que o Marco Aurélio se recolheu na própria insignificância. Nenhum dos dois deu mais nenhum pio. A bagunça era generalizada e nem um general paraguaio que estava fardado, conseguiu dar ordem de comando.

Foi quando o Evo se aproveitou do tumulto para acender um baseado e levou um pé de ouvido, desferido por um agente federal, que viajava incógnito. De repente todos ouviram um som conhecido:
- Cof, cof, cof...

E fez-se um silêncio sepulcral. É claro que o avião estava quase ficando sem combustível. Tanto os passageiros da direita, como os da esquerda, ficaram estáticos em suas poltronas. Na cabine, no entanto, a discussão continuava e dava para os passageiros ouvirem pelo auto-falante, ligado maliciosamente pelo engenheiro de bordo, que estava aflito com o perigo iminente.

O avião sem rumo estava prestes a cair. Só um milagre salvaria a pátria -, mas quem? Ninguém dentre os presentes estava capacitado para dar as coordenadas de voo, muito menos assumir o controle da nação.

Foi quando entre tapas e beijos, o pequeno homem absorto na sua cupidez, afastou sua amada de lado e gritou com sua voz de besouro:
- Companheiros, estou livre e vou por ordem na casa! Chega de bagunça e roubalheira! Eu voltei!

Os passageiros da direita ficaram atônitos; os da esquerda entraram em êxtase.
- Janja -disse o amante amantíssimo - veja como é presidir um país que precisa de honestidade, brandura e novos rumos!
-Cof, cof, e cooofff...

Não deu tempo para mais nada: o avião caiu! Eis um exemplo do que pode acontecer com um país (avião) sem rumo, ordem e progresso. Tudo vai para o brejo: os sonhos, as esperanças e as futuras gerações que nada tem com a discórdia de um povo. Acho que ninguém ficou triste porque o avião caiu, não é mesmo? Ou alguém iria querer que o Lula aterrissasse o avião em Caracas ? Chegar lá ou cair seria quase a mesma coisa...

“Metáfora. Simples metáfora para explicar a verdade em forma de uma pequena história . Talvez seja esta a linguagem que esteja faltando para muitos brasileiros entenderem o que esperam do Brasil!”
Edson Vidal Pinto

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