Edson Vidal

Buraco de agulha

Dentre as áreas mais importantes da administração pública do estado que necessitam permanente injeção das chamadas políticas públicas, com destaques para a educação e saúde pública, a mais sensível dentre elas é a da segurança pública. Não que as duas referidas não estejam no mesmo patamar de importância, longe disso. Dentre as áreas mais importantes da administração pública do estado que necessitam permanente injeção das chamadas políticas públicas, com destaques para a educação e saúde pública, a mais sensível dentre elas é a da segurança pública. Não que as duas referidas não estejam no mesmo patamar de importância, longe disso.

Eu me refiro à segurança pública como ponto sensível para a vida das pessoas no contexto da sociedade. O agito moderno, o aumento demográfico, a perda do poder aquisitivo, país dividido ideologicamente, falta de empregos e de bons salários, são causas que contribuem diretamente para a violência e a criminalidade. E estas atingem indistintamente todas as pessoas. Daí, porque, ser dirigente público desse setor exige grande dose de equilíbrio, bom senso, conhecimento profissional e planejamento. E por ser indispensável contar com profissionais bem treinados e logística cara, o dirigente tem que ter ao seu dispor recursos suficientes para executar as ações necessárias de prevenção e combate ao crime. 

No Paraná ninguém nunca viu e por isto não conhece o Secretário da Segurança Pública, segundo dizem é um militar e que pelo jeito não tem muita afinidade com a tarefa que pesa em suas costas. Pois o clima de intranquilidade e de insegurança tomou conta do estado, da qual a capital não é exceção. Seja no centro ou nos bairros os bandidos estão em todos os lugares; e as polícias civil e militar apesar do esforço individual de seus componentes estão impotentes e desmotivadas. 

Com o debochado aumento salarial concedido é difícil para qualquer agente da lei arriscar a vida e no infortúnio deixar a míngua a própria família. É possível escrever sem errar que a segurança pública é como cobertor de recém-nascido dado para um adulto se cobrir: se ele puxar até o pescoço descobre as pernas e vice-versa. 
Exemplo? Operação Praia que desloca policiais e viaturas para o litoral e deixa desprotegida a segurança das demais cidades do estado. Esse é o tabuleiro de xadrez quando um único jogador dispõe de apenas cinco peças para combater o exército inimigo. 

E a nível nacional o tal Ministério da Segurança também não justifica a importância dada ao setor -, como escrevi em ocasiões pretéritas a segurança pública, então apenas como uma Secretaria do Ministério da Justiça tinha muito mais atuação por ser estrategicamente encarregada de ditar e planejar ações conjuntas entre as Secretarias estaduais. Por quê? Porque é impossível a União querer executar tarefas de segurança pública em um país de extensão continental. Lembrando que a Polícia Federal tem atribuições de polícia judiciária, portanto, encarregada apenas de investigar e apurar crimes da jurisdição federal. Nada mais. E a chamada “Força Nacional” nada mais é do que policiais militares estaduais convocados pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para atuar nas “emergências” públicas: rebeliões em presídios; invasões de terras; e deflagrações de movimentos sociais com timbres de violência. 

Outro exemplo clássico está ocorrendo aqui, nas nossas barbas. Face à alta criminalidade no município de São José dos Pinhais o nominado Ministério enviou “sua” tropa para o local. E daí? E as outras cidades e regiões? Como ficam? Quando serão atendidas? E os bandidos que dominaram o Rio de Janeiro? Fortaleza? Belém? E assim por diante?

Não, não será por esta pífia vertente, que apenas se presta como propaganda governamental, que o banditismo vai arrefecer no país. Está tudo errado. O governador do Paraná e o Presidente da República tem que abrir os olhos, pois não adianta querer passar apenas um pequeno pedaço de fio no buraco de uma única agulha, para remendar toda a lona do circo...

“Segurança Pública é área complexa, que não permite ingerência política e nem o amadorismo de seus dirigentes. Ela tem que ser transparente e cirúrgica para combater o crime organizado e previnir que delinquentes oportunistas possam intimidar o povo. E o Estado tem que combater com dureza toda a sorte de crime.”

Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.