Edson Vidal

Ah, se eu fosse velho...

A idade provecta tem suas vantagens, basta viver e olhar as coisas boas que ela proporciona. Segundo a OMS a velhice do ser humano hoje em dia começa aos 75 anos idade, levando-se em conta o avanço da medicina e o alcance da longevidade. E como ainda não cheguei lá infelizmente só me dou o luxo de escrever, porque refletindo bem o idoso é muito mais feliz que nós, os jovens. 

Primeiro: viveu mais do que muitos e, portanto, sentiu, protagonizou e testemunhou muitos acontecimentos da vida, nem todos bons é claro, mas registrou tudo na memória. E hoje em dia tem o porquê de lembrar e preservar. Viu tanta gente nascer e outros tantos morrer, aprendendo que a vida são apenas momentos e que cada um deles deve ser usufruído ao máximo, para depois não amargar a dor do arrependimento. 

E falar? Eis aí um ponto relevante que só o idoso tem direito: pode falar o que quiser há qualquer hora, tempo e lugar que ninguém repreende ou olha de cara feia. Ademais pode dizer o palavrão que quiser porque fica por isso mesmo. E piada? Pode contar anedotas sem nenhum freio. Das mais inocentes até as mais cabeludas, inclusive repetidamente para os mesmos amigos porque estes não reclamam e os mais esquecidos se divertem. E por mais chatas que sejam ninguém ousa censurar. E cochilar? O idoso pode “sonambulizar” a qualquer tempo e lugar -, mas os jovens nunca, pois estes de pronto são advertidos porque foram dormir tarde ou são preguiçosos. 

E nas festas? Pode ser o primeiro a se servir da comida mesmo antes de ser autorizado; pode falar de boca cheia e espargir nuvem de farofa para todos os lados, porque todos os outros da mesma idade fazem o mesmo e ninguém dá as mínimas. No ônibus? Ninguém dá o lugar para sentar e quando o idoso chega no final da linha dá graças a Deus por ter nascido bem antes, quando a civilidade e a educação faziam parte do relacionamento entre humanos. Barriga? Ninguém liga, além do mais dá um certo ar de respeitabilidade e riqueza. Ou alguém já viu o dono de um iate que não tenha acentuada protuberância “quase” peitoral? Viagem? O idoso viaja muito mais do que nós, os jovens, porque são aposentados e podem muito bem aproveitar a caravana da terceira idade patrocinada pelo Sesc. Jovem não, tem que trabalhar. 

Jogo de baralho? Os velhos podem jogar todo o dia que é distração, mas se os jovens fizerem do jogo um hábito, são taxados de viciados. Não faltará críticas e nem desavenças familiares. E a família? A melhor convivência está ocorrendo na reclusão do coronavírus, pois os filhos não vêm visitar seus país e nem avós e este se iludem achando que eles não querem transmitir o vírus. Sem o coronavírus por perto os filhos não visitam e os idosos acham porque eles estão muito ocupados, trabalhando demais e daí, ficam preocupados com suas saúdes. É uma enganação constante. 

Enfim, ser idoso é bom demais pois têm os netos e bisnetos para curtir, amar, beijar e rir. Quer tempo de vida melhor?  Puxa, só de pensar que daqui vinte e seis dias chegarei a velhice, fico contando os dias ...

“Como é ser velho? Só quem tem mais de 75 anos de idade pode responder esta pergunta. Mas, que ser idoso é muito bom, é? Poder ouvir: “vovô eu te amo!” -, faz com que tudo na vida tenha sentido e certeza de que o coração nunca envelhece.”

Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.