Edson Vidal

Terra Arrasada

Me dói na alma ver a classe empresarial do comércio sendo manipulada por políticos em razão do CoVid-19, ora autorizando a abertura de suas atividades e ora mandando fechar. O comércio é uma das mais antigas atividades da economia e mola mestra de sustentação para muitos países não industrializados e de agricultura insipiente, que faz circular o dinheiro e alimenta o erário público. 

Talvez seja hoje em dia uma forma de vida mais difícil pelos pesados tributos que incidem vorazmente sobre os negócios e a contabilidade da firma. Acrescente-se o número de concorrentes instalados há poucos metros que comercializam produtos idênticos e com ofertas que transcendem a simples competitividade. Grandes grupos que compram grandes quantidades no atacado têm vantagens de preços muito significativos e espremem o pequeno concorrente na disputa da clientela. 

E os consumidores querem obviamente comprar com vantagem em detrimento ao pequeno e médio comerciante. Daí o porquê desse tal de fecha e abre diariamente do comércio -, não torna nada fácil manobrar uma empresa com um número ilimitado de concorrentes. Hoje são bem poucos os fregueses fiéis que buscam uma mesma casa comercial pelo atendimento dispensado ou pela qualidade dos produtos expostos à venda. A tendência é comprar no shopping pelo conforto do estacionamento, segurança e pelas opções de preço. 

Portanto que ninguém subestime a fibra e o espírito empreendedor daqueles que exercem a arte do comércio nas ruas, quadras e esquinas das cidades porque para sobreviver é preciso gana, sorte e muito suor. E o governador ou o prefeito não levam nada disso em conta quando decidem dar ordens para fechar ditos estabelecimentos, a pretexto de existir um vírus mortal, sem propiciar chances para encontrar meios paliativos e concretos de evitar a extensão da pandemia. Como? Estabelecendo um protocolo prévio com as Associações Comerciais a fim de melhor adequar a atividade comercial sem a necessidade extrema de seu fechamento. 

A determinação de fechar a porta do comércio é decretar a morte do comerciante, o desemprego e a ausência de arrecadação dos tributos pelas mercadorias não vendidas. É claro que o Poder Público tem o dever de zelar e proteger a vida da população, mas não pode agir unilateralmente e nem sacrificar uma classe empresarial. Todos tem o direito de trabalhar, produzir, plantar, comercializar, estudar e viver para se sustentar com dignidade. Quem vai pagar para o comerciante poder ficar em casa como querem os dirigentes públicos? E quem vai pagar seus empregados? Eles estarão isentos de tributos e encargos enquanto perdurar a quarentena? Claro que não, não é mesmo? É bom ditar ordens sentado em uma cadeira e com o poder nas mãos, para que os outros cumpram. 

O tal vírus chinês parece que veio para ficar por algum tempo e os gestores públicos têm que encontrar paliativos para vencer a crise, com muito diálogo, bom senso e respeitando o direito dos cidadãos. Decisão unilateral e despótica só poderá no final da pandemia deixar como herança “terra arrasada” ...


“Aumentou o número de infectados com comprometimento dos leitos de UTI. Alerta geral. Antes disto o que fizeram o governador e os prefeitos? Não previram tecnicamente as consequências de suas medidas. E agora? No Paraná até o governador acordou. Para quê? Para mandar fechar pelos próximos catorze dias os estabelecimentos comerciais em geral? E quem precisar trabalhar para poder viver? Não existe qualquer alternativa. O Brasil economicamente está em cacos!”

Edson Vidal Pinto

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