Amnésia
Bem que dizem que as falcatruas cometidas na vida pública o tempo apaga, pois os rastros dos maus gestores são logo esquecidos pelos eleitores. Tanto é verdade que eles sempre são reeleitos e bafejados por todos como pessoas de relevo na vida das sociedades. Uns porque são caciques nas regiões em que moram e tem vaga cativa nas eleições. São exemplos clássicos: o Sarney, o Collor e tantos outros oriundos do sofrido norte e nordeste do país, porque tem dinheiro e levam seus eleitores com rédeas curtas. Procuram mantê-los na ignorância e na pobreza para esconderem suas leviandades.
Outros porque conseguem granjear um número suficiente de eleitores e prevalecem com arrogância destilando medo, comportamento que os sustentam no pedestal do oportunismo. Entre nós o Requião é um bom exemplo e longe de nós o Renan, o Ciro dentre outros. E finalmente tem os livre atiradores ou demagogos que vendem a ideia de salvadores da Pátria e não passam de indivíduos vazios e verdadeiros piratas. Pilham o que estiver no alcance das mãos. Neste item o Lula é imbatível.
Quanto aos demais eles participam da rodada da sorte nas urnas, pois são os poucos que ainda pensam com altruísmo e acreditam no que fazem. Esta é a argamassa política brasileira onde a renovação é mínima, porque os eleitores têm memória de elefante. Via de regra o eleitor sempre vota nos mesmos candidatos sem avaliar minimamente o que de bom ele fez, pois a amizade e a simpatia são os fatores que prevalecem na hora de digitar os botões da urna eletrônica. E como consequência os piores políticos permanecem se elegendo e fazendo fortunas há olhos vistos, que só a Receita Federal não quer enxergar. Estes são os nababos da República e que estão acima da lei e da Justiça.
Culpa de quem? Sem dúvida nenhuma dos eleitores; nós os eleitores e mais ninguém! Porque não valorizamos o nosso título eleitoral a única arma que a democracia coloca nas mãos dos cidadãos para escolher seus dirigentes e legisladores. Daí a necessidade do governante bem intencionado aplicar todos os esforços que dispõe na Educação, com escolas bem aparelhadas, professores devidamente remunerados e ensino primoroso.
Pois nos bancos escolares é que são forjados os cidadãos de amanhã-, para que os mesmos possam melhor escolher os políticos e legisladores. E mais: a Constituição deve obstar o voto dos analfabetos, semianalfabetos, índios e presos porque lhes falta consciência do peso real da escolha de nomes. Os índios só aqueles efetivamente integrados na comunidade nacional e que não sofram influência de seus líderes, verdadeiros cabos eleitorais.
Constatei isto no estado de Tocantins quando fui observador de um curso ministrado para Juízes e a convite do Presidente do TRE local, participei de uma reunião com lideranças de oitenta nações indígenas e constatei que o índio vota em quem o cacique mandar.
Assim sem liberdade de escolher livremente seu candidato o índio não pode ter direito ao voto. Enquanto não tivermos eleitores lúcidos o país continuará na mesmice, com a corrupção orbitando o poder e o povo sem esperança no futuro. E a melhor prova disso está demonstrado na atual quadra da vida nacional, quando um governo que não rouba está enfrentando o poderio político e da imprensa que vivem atolados na corrupção.
E as eleições municipais se aproximam a passos largos dando motivo para desde já deixarmos a amnésia de lado, para elegermos apenas os que merecem compartilhar da boa e nova política que sonhamos. E tudo dependerá do voto que teremos nas mãos e da consciência de querermos o melhor para nós mesmos...
“Eleições a vista. Que tal agirmos como eleitores lúcidos e com amor ao nosso município e a nossa cidade? Vamos renovar a bancada da mesmice? Vamos deixar a amnésia de lado e votar nos bons candidatos? Vamos dar um exemplo para o Brasil -, elegendo um bom prefeito e vereadores que tenham no peito o coração curitibano? Vamos valorizar o nosso voto!”
Edson Vidal Pinto