Blá, blá, blá, blá!
Meus amigos mais chegados que prestigiam minhas crônicas diárias ficam surpresos quando sabem que digito todas elas na minúscula tela de meu telefone celular. Daí porque não gosto de corrigir o texto como deveria. E outros me perguntam como tenho tanto assunto pois sempre procuro abordar temas diferentes, uns que inclusive fogem do lugar comum. Não sei responder ao certo, mas tenho para mim que fugir da mesmice é tarefa de quem escreve diariamente. Sim, porque já imaginaram falar todos os dias do STF, do Presidente da República, do Lula et caterva, do Ciro, do Requião, dos políticos do alto e do baixo clero, do Francisco, da economia, da Imprensa e do Covid-19, acho que ninguém merece.
Quem gosta que leia a Veja, Isto É, Gazeta do Povo, assista ao Jornal Nacional e a Rádio Bandnews que sempre batem na mesma tecla, inclusive, defenestram o governo federal. Haja paciência. É por isto que procuro variar os temas de minhas crônicas. Por exemplo? Hoje vou escrever sobre remédios embora não seja hipocondríaco, mas porque eles fazem parte, infelizmente, do nosso cotidiano.
E não é verdade? Claro que é. Depois de uma certa idade as pessoas começam a ter caixinhas de remédios de todas as cores, tamanhos e marcas de laboratórios em cima do criado mudo, nas gavetas, nos armários, em caixas de sapatos e até no porta-luvas do automóvel. É um festival de drágeas coloridas ou de líquidos de todos os gostos: doce, ácido e amargo. Um coquetel para doenças múltiplas; pudera pois para cada parte do nosso corpo nós temos que ter um médico especialista.
Os esculápios deste século lotearam nosso esqueleto e o nosso corpo como capitanias hereditárias cuidando cada qual de um determinado lote, como verdadeiros capitães-mor. E o pior de tudo: o custo dos medicamentos está nas nuvens! Mas não adianta chorar e nem implorar porque não existem outras soluções plausíveis. Talvez um curandeiro, um xamã, uma benzedeira ou quem sabe o milagreiro apóstolo Valdomiro ou o João de Deus que só mandam tomar água e todos os males são resolvidos. Mas com o vírus por perto até eles se escafederam do convívio social.
Então só nos resta comprar remédios a rodo como sempre fizemos que quase sempre sobram e não têm mais utilidades. É um dinheirão jogado no lixo. Mas que tal se fizéssemos coleção de caixas de remédios e trocássemos quando tivermos mais do que uma no nosso estoque? Taí uma ideia genial para o período de quarentena social. Não seria um barato? E depois poderíamos até construir um museu para expor as caixas de remédio, para que as pessoas possam conhecer a importância e evolução da indústria farmacêutica no mundo.
Destaques para o designe e as bulas de letrinhas bem miúdas e termos exóticos para ninguém entender. E os malefícios? Varremos por baixo do tapete. Pois o nosso museu é só para os que sobreviveram ...
“Remédio é sinônimo de desperdício de dinheiro. É bem verdade que alguns solucionam os males que nos afligem, mas na grande maioria é uma verdadeira droga no sentido exato da palavra. Se fosse possível uma fiscalização rígida para testar suas eficácias a metade deles seria tido como imprestável. Enquanto isto continuamos cobaias e sustentando as poderosas indústrias farmacêuticas!”
Edson Vidal Pinto