O Homem Frágil
O que é ser pai? Eis uma pergunta que merece uma resposta aceitável, bem dosada nos momentos atuais e que exige muito cuidado. Explico. O pai de ontem era o provedor que tinha responsabilidade total da família e impunha com brandura ou não a sua vontade sem oposição e a qualquer custo. Era o chefe e como tal era considerado porque quase sempre tinha a última palavra. A sua mulher era a dona de casa, mãe, heroína anônima que mantinha a unidade familiar sem deixar o marido perceber que era ela o elo entre os dependentes.
O homem só se achava porque a mulher com sua ternura maternal era o amparo com que os filhos se socorriam. O pai tinha fama de mau, austero, sisudo e temperamental, era temido e respeitado por mais amigo que fosse. Ah, pai não é amigo dos filhos, claro que não, pois os amigos cada um escolhe o seu por força do acaso; não, o pai é o pai pode ser a tábua de salvação para todas as horas, o repressor e o companheiro nos momentos de folguedos.
Nada mais. Ele é aos olhos dos filhos uma figura caricata pois quando está alegre parece uma criança, triste é uma incógnita e aborrecido não mede as consequências. Para a mulher ele é o marido, aquele que pensa que pode tudo; é o pai de seus filhos, o príncipe encantado de seus sonhos e seu inseparável companheiro nas boas e más horas da vida. Mas tem aqueles que com o casamento se torna um ogro, revelando a maldade escondida e disfarçada nos tempos de namoro e noivado. Por quê? Porque pela lei civil o homem quando casa tem que se tornar marido e ponto final.
E ser marido exige uma roupagem diferente pois tem que ser carinhoso com a mulher, provedor, pai de filhos, trabalhador, caseiro, gostar de novelas e viver só para a família. Só que a Lei Civil não dá o mesmo tratamento para a mulher, tanto que ao casar a mulher continua sendo mulher. São palavras textuais do Juiz:
- Eu os declaro: marido e mulher!
Talvez por isso o Código Civil atual retificou o mando da família ditando que o “Pátrio Poder” é exercido em conjunto no seio familiar pelo marido e pela mulher. E logo em seguida estabeleceu que nos documentos civis a identificação seria válida apenas constando na filiação o nome da mulher. O nome do pai deixou de existir. E daí? O homem saiu da sala de TV para mudar a fralda das crianças, cozinhar, lavar e as vezes trabalhar. E a mulher? Passou a trabalhar fora de casa, prover a família, as vezes brincar com os filhos, frequentar barzinhos com as amigas e tendo tempo zelar pela família.
Visão machista com certeza, dirão alguns; não, observação real nua e crua, falarão outros. É quase certo que o homem ficou frágil a ponto de estar sendo substituído na família por outra mulher. Credo! Mas esta é a realidade dos novos tempos, do novo século, em que ser pai está ficando cada vez mais controverso e esquecido. E hoje é o dia dos pais - não do amigo - mas do pai, do pai moço que ainda desfruta da companhia dos filhos; do pai-avô que nunca sabe nada e nem sempre merece ser ouvido; e do pai-bisavô que é aquele velhinho que fica quieto no canto da sala e que fala pouco.
Não sei que tipo de pai eu sou, fui ou se ainda serei, porque amo tanto minha família do meu próprio jeito de ser, de enxergar a vida e de querer que o mundo parasse, tendo minha mulher e toda minha família ao meu lado...
“Tenho tantos pais para festejar neste dia -, meu pai Celestial; meu pai de sangue e alma; meu sogro que me deu minha mulher; meus tios que vivem no meu coração; meus Anjos-amigos que me ajudaram na vida; e meu São Benedito que sempre me amparou. De todos eles me considero filho e sempre grato pelo pai e homem que sou!”
Edson Vidal Pinto