Não é hora de brincar
Um indigesto e conhecido irônico sempre foi o Maria Louca quando tornava qualquer ato oficial motivo para chacota, é o tipo do sujeito que perde o amigo mas não perde nunca a oportunidade de fazer uma piada de mau gosto. E nem perdoava os mais próximos quando se exibia na TV com o seu circo de horrores tripudiando os comissionados e se engraçando com os mais humildes. Mas ele era ele,- porém, ninguém lhe dava crédito daquilo que dizia ou criticava.
Só que no momento atual o Brasil deixou de ser uma caricatura de Governo como foi no tempo dos líderes petistas, para se tornar respeitável com as presenças dos militares nos postos-chaves da Nação, tendo os cidadãos mais certeza sobre os dias de amanhã. As estultices ditas pelo Lula e as atrapalhadas da Dilma ficaram no passado, pois o homem mais honesto do mundo fez uma turnê pela prisão de mentirinha e a “presidenta” escafedeu-se da cadeira presidencial. Coube ao Temer com seu português escorreito ocupar espaço entre aqueles presidentes e o atual, este sabidamente um tanque de guerra barulhento, triturador e difícil de manejar. Que o diga o Ministro Heleno.
Claro que ele está enfrentando pauladas de todos os lados: dos inimigos declarados, da Imprensa corrompida, dos políticos viciados pelo poder e até de seus colegas de farda em virtude da inquebrantável hierarquia. Mas de qualquer sorte ele está empurrando o Governo como pode, digladiando de quando em quanto com o Alcolumbre, Maia e o STF como um todo, sem até aqui ter praticado qualquer ato de corrupção. E com isto tem levado crédito com o eleitorado, sem perder de vistas as obras concluídas que estavam abandonadas nos governos anteriores.
Outro principal ponto que o mantém na ponta do prestígio político é o fato de não aparecer ninguém que possa destrona-lo (ainda) de seu pedestal. Pois seus pretensos adversários na urna são nomes conhecidos do grande público e por isso mesmo descartados na hora de votar. Daí o seu prestígio de ser um “mito” por ter tido vontade de “peitar” pessoas e grupos perigosos, capazes de matar para retomar o Poder. E quase conseguiram. Enquanto esbravejou com autoridades da República, defenestrou nomes de sua equipe de ministros e defendeu seus filhos pródigos sem nenhuma censura, seus eleitores a tudo assistiam sem abandonar o seu barco.
Mas querer usar frase de efeito para ironizar a Lava Jato ao dizer:- Vou acabar com a Lava Jato porque não tem corrupção no meu governo!Deu um tiro no próprio pé. A Lava Jato é patrimônio sagrado do cidadão brasileiro de bem, que quer extirpar os corruptos da vida pública e libertar o Brasil das garras dos velhos politiqueiros. E o pior é quando ressurgiu o senador Renan na mídia dizendo que apesar de divergir da linha do Presidente passou a vê-lo com bons olhos pela sua intenção de fazer o desmonte policialesco do Estado brasileiro.
Nada mais comprometedor para colocar um cheque-mate na idoneidade de Bolsonaro quando depois de sua infeliz frase foi publicada uma foto nos jornais de uma reunião aparentemente conciliatória entre as maiores autoridades da República, abraçados e sorrindo. Claro que entre Chefes de Poderes deve haver harmonia e independência, mas não tantas intimidades. A frase irônica do Presidente provocou a pronta reação dos Procuradores da República , designados e responsáveis pelo desenrolar dos inquéritos e processos em questão, com dura reprovação pelo inoportuno pronunciamento.
E fizeram como manda o figurino pois o Ministério Público é um Órgão independente de qualquer dos três Poderes e pode caminhar com as próprias pernas, inclusive para manter hígido a Lava Jato com ou sem a vontade presidencial. O momento não permite brincadeiras e as palavras irônicas tem sempre duplo sentido; sendo certo que ao homem público não cabe deixar dúvidas quando se dirige à Nação ...
“Todo o cuidado com as palavras é pouco neste cenário de indefinição. O brasileiro não aceita brincadeiras com assuntos sérios, nem os eleitores são mais ingênuos e menos críticos. Ninguém tem o direito de brincar com a Lava Jato, um patrimônio dos cidadãos de bem e um inferno para os corruptos.”
Edson Vidal Pinto