Um Dia Muito Especial
Nada alegra mais a vida de qualquer adulto do que ter ao lado uma criança pulando, brincando, falando, fazendo “artes” e chorando. Sim porque o choro faz parte da idade da inocência quando o pequeno ser fica contrariado, não gosta de alguma coisa ou quando está com dor. Claro que tem certos momentos, principalmente a noite quando os pais querem dormir o choro aborrece, deixa o sono mal dormido e no amanhecer do dia a ressaca aperta e dá vontade de ficar na cama. Mas tudo termina quando a criança esboça um sorriso, abraça com carinho e dá um beijo de incomparável ternura. E os pais sabem que o filho é um apêndice do amor porque ele perdura para sempre pois o ela entre eles é inabalável.
Igual encanto também se transfere para os avós que têm nos netos a continuidade de seus próprios filhos. A criança é um presente divino que torna a vida menos árida e mais leve. E quem não se diverte com as palavras das crianças em situações inusitadas ? Pois a surpresa é sempre causa de risos porque acontece quando ninguém espera. A propósito viu retratar algumas destas situações do cotidiano para registrar passagens que os adultos de hoje protagonizaram quando eram crianças.
Abre a cortina do palco: cena 1. A bordo de um avião. O “nenê” apelido que hoje ele odeia e não quer que ninguém saiba na Faculdade de Direito, então com seis anos idade, filho dos amigos Josafá e Elaine, quando viajava com a mãe para visitar uma tia no nordeste do país, lhe foi pedido que pedisse ao comissário de bordo um copo de suco de laranja. E ele não se fez de acanhado, só que o atendente estava longe, atendendo outros passageiros. Então ficou de pé no corredor e gritou com todos os pulmões:
- Garçom ! Garçom ! Traga prá minha mãe um copo de laranjada!!
E daí uma gargalhada geral.
Cena 2. Trecho de estrada. Depois de participarmos do aniversário da menina Silvana, filha dos queridos amigos Milton e Glorinha, ele então Promotor de Justiça da Comarca de Cruzeiro do Oeste, eu, minha mulher e nossos dois filhos pequenos voltávamos de carro para a nossa casa em Umuarama. O nosso primogênito Luiz Gustavo, hoje com 49 anos de idade, estava em pé, na frente do banco traseiro, com os braços em volta do meu pescoço e da mãe, conversando comigo. De repente em diz:
- Pai, olhe o Super-homem voando lá no céu !
E apontou para o alto. Eu para entrar no brincadeira respondi:
- É mesmo, filho. Que legal!!
Ele então surpreso insistiu:
- Você está vendo mesmo ele? Aonde? Aonde? Aonde !!! Cena 3. Piscina de Clube. Final de semana fui com a família visitar o João Carlos (Madureira) a Lúcia e os filhos que residiam em Santa Isabel do Ivaí, onde ele era o Promotor de Justiça da Comarca. E para almoçarmos ele reservou uma mesa no restaurante do Clube da cidade, que tem piscina concorrida porque o clima da região é muito quente. Seu filhinho de nome Luciano, de cinco anos de idade, era esperto e levado como só ele. Chegamos no clube e sentamos para a almoçar quando o Luciano pediu para ir no banheiro. O pai apontou da janela o vestiário da piscina onde estavam os sanitários.
O Luciano não perdeu tempo e correu para o local. E nós ficamos na mesa aguardando para sermos servidos quando ouvimos risos e gritos quedinhas do lado de fora do restaurante. E todos nos levantamos e fomos até a janela para ver o que estava acontecendo e vimos o Luciano na ponta do trampolim, que era alto, com a calça arriada, fazendo xixi lá de cima na piscina. Hoje ele é adulto, casado e pai de filhos. Cena 4. Para não ficar para trás. Minha irmã e meu cunhado têm cinco filhos, quatro meninas e um menino. Hoje são todos casados, pais de filhos e a mais velha já é avó. Quando eram só três meninas um dia estavam brincando com uma amiguinha, que morava na vizinhança, quando esta lhes contou que ela e a irmãzinha de colo tinham apelidos, e disse:
- Eu me chamo Luciana e o meu apelido é Lu. Minha irmã se chama Isabela e o apelido é Bela. E vocês ? têm apelidos?
A três se entreolharam e viram que não tinham nenhum apelido, porém a mais velha para não ficar para trás, respondeu :
- Temos sim : A Andréia você pode chamar de Déia; a Ana de banana; e eu Alayde de Cabide! (Fecha a cortina). E as crianças são assim mesmo com suas vivacidades, espertezas e sempre prontas para nos fazer sorrir. Bom seria se o Governo fosse constituído apenas por crianças, pois com certeza não estaríamos mergulhados em tantas dúvidas, aflições e maldades ...
“Que bom seria se todas as crianças tivessem pão para comer, um teto para se abrigar, um agasalho para se aquecer e uma bola para brincar. Uma professora para ensinar, uma cama macia para deitar e um futuro para almejar. E que os pais fossem conscientes, o país mais decente e os avós para se espelhar. Toda criança tem o direito de trabalhar, aprender e brincar; e nenhum adulto pode querer atrapalhar!”
Edson Vidal Pinto