Cidade de Mendigos
Não sei mais distinguir assistência social de assistencialismo, muito menos socorro emergencial com vagabundismo. Só sei que Curitiba foi invadida por desocupados que no linguajar socialista chamam de sem teto. E são tratados como excluídos porque não têm as benesses do Estado.
É um grupamento humano que é empurrado pelo Poder Público de cidade para cidade até chegar na principal delas onde encontram guarida. E ninguém pode reclamar, muito menos querer que eles desocupem determinadas áreas ou que mudem de lugar. Tais tentativas além de infrutíferas não são bem vistas pelas autoridades públicas que se sentem condoídas por tratamento tão desumano.
Na Avenida 7 de Setembro, bem como na Padre Anchieta, apenas para citar dois entre inúmeros lugares, essas pessoas vivem sob marquises de prédios com seus cachorros perturbando os transeuntes pedindo dinheiro ou comida e, inclusive, quando não alcançam seus intentos retribuem com ofensas e ameaças. E quando não estão deitados em seus colchões imundos estão nas esquinas dos bairros mostrando uma tabuleta aos motoristas que estacionam nos sinaleiros, onde está escrito: “Estou com fome; quero comer!”
E assim vivem da comiseração humana. Vi muitas dessas pessoas saindo de bueiros de ruas onde dormem a noite. Que tipo de gente pode viver em tão extrema promiscuidade? Quem são? Da onde vêm? O que pensam do futuro? E sei que não estão apenas em nossa cidade, mas em todas as partes do mundo -, andarilhos sem família, não tem trabalho e nem parada fixa. Será este o futuro da humanidade? Basta a pessoa não querer nada com nada, sair sem rumo, conviver com estranhos e disputar esmolas, que encontrará uma sociedade anárquica, sem amarras, nem compromissos e responsabilidades? Será este o cidadão do amanhã?
Pelo que tudo indica, sim. Pois as famílias estão desmoronando aos poucos, as sociedades vivendo em ritmos de total tolerância, o poder público menos autoritário e as leis não sendo mais aplicadas. Ninguém combate o errado, o excesso, o ilícito e o imoral. A sociedade aceita sem parcimônia porque vive há tempos sob o jugo de uma ideologia que devasta tudo que é correto.
E os mendigos perambulam de um lado para o outro, sem freio, livre, leve e solto. E o pior: tem o Ministério Público que zela por todos eles, a Defensoria Pública que está sempre atenta para defender seus “modus vivendi” e os Organismos Públicos para ampará-los. Na verdade, eles têm muito mais assistência do Ente Público do que os cidadãos trabalhadores e cumpridores de suas obrigações. Só um vesgo não enxerga. E isto está certo? Eis a pergunta que não quer calar. Não sou contra os atendimentos dos verdadeiros excluídos, daqueles que tem família, trabalho e não conseguem alimentar e nem dar um teto à sua prole. Sou contra os desaforados e bêbados que ficam à míngua pelas calçadas curtindo seus próprios infortúnios. Tem um velho ditado que diz: “quem não trabalha, não vive!” E esperar então o quê dessa gente? Diga você, por favor ...
“A mendicância é o pior exemplo dentro de uma sociedade. Nunca confundir o mendigo do excluído; pois aquele não quer nada com nada, e este quer mas não consegue ter por mais que trabalhe. Igualar estas duas espécies de indivíduos é beneficiar os que não tem direito, em detrimento daqueles que precisam da ajuda de todos e do Poder Público”.
Edson Vidal Pinto