Edson Vidal

Proposta Mais Que Indecente

Tem certas pessoas que no exercício de cargo eletivo fazem da política unicamente um meio para atingir fins duvidosos ou tirar proveito próprio. São raros os que privilegiam outras pessoas em detrimento dos próprios familiares. Claro que são profissionais da política e tem muito mais condições de serem ouvidos e fazerem propostas, do que os acomodados que não se envolvem na política e ficam em casa criticando e comendo pelas mãos dos espertalhões. 

É difícil para quem não vive o “clima” de Brasília e os bastidores do Governo Federal explicar que apito toca o deputado federal Ricardo Barros na orquestra da Nação, por ser presentemente líder do governo na Câmara Baixa. Explico. Dono de votos de cabresto da região de Maringá é capaz de se eleger para qualquer cargo eletivo que quiser, além de ser um mágico na sua trajetória pública por tirar da cartola a maestria de servir governos antagônicos e ideologicamente incompatíveis. Foi líder do PT/MDB e por mais paradoxal que seja Ministro da Saúde sem nenhuma qualificação que justificasse tão inusitada nomeação. 

De outro viés não se pode negar o seu poder articulador a ponto de ter “encaixado” sua mulher como vice-governadora de um grupo que governou o Paraná e não deixou saudades; e elegeu e reelegeu sua filha deputada estadual. Sua mulher só não foi eleita governadora possivelmente por causa das forças ocultas que tanto falava Jânio Quadros. Pelo que sei ele tem atrás de si um grupo de deputados do chamado Centrão que são parlamentares que transitam pela Casa de Leis negociando favores e governabilidade, pois detém a maioria de qualquer quórum. 

Nenhum Presidente de qualquer partido ou ideologia que for, resiste por muito tempo o “apoio” dessa turma porque se não acaba governando de mentirinha. E como visto nem o Capitão conseguiu ficar alheio, distante e imune dessa camarilha. Sem Engov acabou engolindo o Ricardo como seu líder e todos os demais da sua troupe de artistas. Eles então sem nenhuma cerimônia embarcaram no governo como se dele fossem aliados de primeira hora. 

Quero crer que o intuito foi para aprovar Projetos de interesse nacional. Só não sei se combinaram com o Nhonho. Mas eis que de repente num surto isolado o grande Ricardo Barros sem temer aparentemente nenhuma censura propõe à Nação uma nova Constituição Federal, a pretexto de que a atual Carta dá muitos poderes ao Ministério Público e ao Judiciário, com autonomias absurdas a ponto de permitir que o primeiro possa processar sem motivo os políticos de impoluta honestidade e honradez, bem como, brasileiros sabidamente inocentes. Cruz credo!


Francamente? Foi um grito de liberdade ou morte para convocar ladrões de lesa Pátria e políticos corruptos a se perfilarem ao redor desta causa, a fim de salvarem seus próprios pelos. Não existe outra explicação mais lógica. Evidente que o Governo de pronto desmentiu que se tratasse de alguma iniciativa oficial, mas a proposta está no ar para ser fisgada por quem interessar possa. E tem muitos Renan, Collor, Lula e a turminha que tem o nome citado na lista da Odebrecht que com certeza deve estar maturando aos poucos a belíssima proposta salvadora. 

O que que é isto, gente? O momento é de combater a corrupção e os corruptos sem tréguas aproveitando da força do Ministério Público e não esvaziar suas atribuições; e quanto ao Judiciário o deputado líder do governo tem que saber que é um dos Poderes da República e cuja importância esta alicerçada na sua independência. Este é o líder que age com intenções dúbias e serve interesses corporativos ou será que estou enganado?

E amanhã quando o impoluto Ciro, o Maguila do Nordeste, for Presidente (de qualquer coisa) com certeza o Ricardo será seu líder, imaginem então a “nhaca” que vai dar...

“Defenestrar da política pessoas de duvidosa intenção é arejar para que os cidadãos de bem possam concorrer cargos eletivos, sem ter contra si profissionais do ramo. O eleitor tem que acordar e valorizar seu voto. Os que preferem não votar em ninguém são piores que o mais reles dos políticos!”

Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.