Edson Vidal

Agora Pode e Depois?

Como as autoridades públicas brincam com o poder que têm nas mãos pois fazem o povo  agir de acordo com seus interesses, como bem demostra a pandemia que nos assola. No início o vírus era um fantasma medonho e a ordem oficial foi ficar em casa, não trabalhar, esquecer dos interesses econômicos, para permanecer tão vivo como um zumbi. Muito antes de qualquer coisa transferiram o carnaval, a queima de fogos de artifício do final do ano do Rio de Janeiro e só não transferiram o Natal em família porque seria muito autoritarismo. 

Aliás, essa turma de governadores e prefeitos não querem nem pensar que o povo possa comparar suas imposições referentes ao combate e prevenção do vírus com as ordens ditadas nos “anos de chumbo” , quando os militares chicoteavam as pessoas nas praças e vias públicas, passando as rodas dos tanques de guerra sobre os pés dos idosos e inválidos e fuzilando centenas de milhares de brasileiros patrióticos quando das comemorações dos feriados cívicos. Putz, nenhum deles quer ser maculado com a maldita revolução de 64 que impediu a liberdade do país para submeter o povo a uma repressão tão violenta que deixou sequelas profundas naqueles que tiveram de viver neste período de sombras. 

Não, não e não; as ordens das autoridades (Governadores e Prefeitos) nunca podem ser comparadas com os arroubos ditatoriais. Tanto é verdade que o governador de São Paulo quer aplicar vacina chinesa nos paulistas de forma obrigatória, para evitar a contaminação de sua gente. Ato humanitário e não despótico. E graças a uma decisão obtusa do STF ditas autoridades ficaram com o direito de ditar regras para combater o COVID-19.

E agiram com mãos de ferro, ora abrindo e ora fechando o comércio, as fábricas, os bares, cinemas, teatros e até cidades. Porém surgiu no meio desse “manda” e “não manda”’uma pedra no sapato chamada de eleições. E nenhum prefeito ou governador quer perder votos e oportunidade de amanhã permanecer “no bem bom”. E o que aconteceu?  Você também é testemunha : as ordens anteriormente dadas foram banalizadas , o vírus continua matando até mais, mas o rigor do poder público ficou arrefecido. Tudo voltou a funcionar e até as praias podem ser desfrutadas. A Prefeitura do Rio já está prometendo a maior queima de fogos de artifícios na virada do ano e o Governo Estadual promete um carnaval de “arromba”.
 
No Paraná nem o Ratinho e muito menos o Gréca abrem a boca para falar na pandemia, muito pelo contrário, calaram a tal secretaria de saúde municipal para não comprometer a reeleição, enquanto ambos estão metidos até os “córnos” na política. E o povo ? Ora o povo, o povo que se lixe! Entramos no período eleitoral em que quase tudo pode, menos deixar de usar a máscara. Pode festas, festinhas e festões. Pode aglomeração nos parques, praças e vias públicas. Liberou geral! Mas e depois das eleições? Eis uma dúvida atroz. Haverá festas, fogos e carnaval ou tudo não passou de promessas eleitoreiras e votaremos a ser zumbis? Hum, que sina, que dia, que mês, que ano ...

“No período eleitoral vale tudo e até o COVID-19 está em campanha para arregimentar novos infectados. Enquanto isto o Ratinho e o Greca nem querem saber se o vírus acabou ou não, o que interessa mesmo é se sair bem no pleito para continuarem “no bem bom.” E o povo? Que se lixe!”

Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.