Edson Vidal

Wattsap

A tecnologia moderna tem propiciado conforto e muito aprendizado, além é claro da facilidade de comunicação. O telefone celular revolucionou o mundo pois serviu para diminuir ainda mais as distâncias, sepultando o telefone fixo, pelas utilidades que tem proporcionado aos usuários.

Vou me referir apenas ao wattsap que possibilita através de suas postagens notícias, fofocas, fakes, fotos e brincadeiras que divertem e tornam os momentos mais prazeirosos, tirante as baboseiras de críticas, ofensas e contrariedades de quem não prima pela boa educação. Mas no conjunto da obra a sua leitura cria um hábito saudável. Tem um senhor de nome Roberto Vieira Filho que diariamente publica a denominada “Notícias do Dia” -, uma tira de informações úteis que ele compila das várias fontes de informações para gáudio dos leitores. Não perco nenhuma destas postagens. 

Na de ontem ele editou como curiosidade dando conta que na data de 10 de novembro de 1.928, portanto há 92 anos atrás, “ foi lançada no Rio de Janeiro a revista semanal ilustrada “O Cruzeiro”.” Logo surgiu fotograficamente na minha mente em exemplar da referida revista que fez um sucesso estrondoso no Brasil e cuja publicação deve ter sido encerrada na década dos anos setenta ou oitenta, sem nenhuma certeza absoluta. 

As publicações traziam notícias da alta sociedade, com fotos coloridas estampadas nas suas páginas, inclusive dos tradicionais bailes de carnaval do Hotel Copacabana Palace e também do Hotel Quitandinha, que reunia a nata da elite brasileira. Casamentos requintados e festas de arromba. E seu articulista foi sempre o consagrado colunista Ibrahin Sued, um homem que sabia muito bem massagear o ego dos “notáveis” da época. Mas como surgiu “O Cruzeiro”?

Vou puxar pela memória e escrever um trecho do imperdível livro que li há muitos anos atrás intitulado “Chateaubriand” ou “Chatô o Rei do Brasil” de Fernando Morais, editora Companhia das Letras, que conta como nasceu dito semanário. Foi seu criador o advogado, jornalista, empresário e membro da ABL, Assis Chateaubriand, também fundador do maior grupo jornalístico “Diários Associados” e da “Rede Tupi de Televisão”, que mesmo sabendo que no Brasil não existia parque gráfico que pudesse reproduzir uma revista com fotos coloridas valeu-se de uma gráfica em Buenos Aires, Argentina, onde editou os primeiros números de sua revista. 

As edições eram transportadas de avião e quando chegaram nas bancas o sucesso foi imediato, pelo ineditismo de uma revista colorida. Lembro de jornalistas e escritores que escreviam seus comentários e crônicas de páginas inteiras como David Nassar e Rachel de Queirós, dois gigantes da nossa literatura. De Nassar recordo um seu comentário com o título “A Última das Guerras Românticas” quando abordou a luta de homens e máquinas na Segunda Guerra Mundial, para então referir que se um dia houver mais um conflito mundial não haverá heróis e sim botões. 

Outro personagens da revista era “O Amigo da Onça” do caricaturista Pericles, que na charge de um único desenho traduzia hilariantes cenas do cotidiano. O “amigo” era um verdadeiro “amigo urso” que sempre deixava seu “amigo” ou “conhecido” numa grande enrascada. E o fenomenal Carlos Estevão com suas “tiras” em quadrinhos com historinhas rápidas e que serviam para reflexão.

Tinha o Millor Fernandes uma espécie de filósofo do dia a dia e seus desenhos não tão elaborados, mas que no conjunto, demonstrava toda a sua genialidade e cultura. A revista publicava “Meu Personagem Inesquecível”, moda, contos e reportagens diversas em uma mesma linha que tornaram famosas as revista americanas “Time” e “Life”. E com a morte de Chateaubriand o império desmoronou tendo permanecido a sua controvertida biografia e os rastros de seus pioneirismos. Sinceramente não sei como fui lembrar de tantos fatos partindo da leitura telegráfica de Roberto Vieira Filho. Um bom exemplo da boa utilidade do Wattsap...

“Aproveitar pequenos espaços para veicular comentários, fatos, fotos, anedotas e fakes sem intuito de ludibriar a boa-fé  alheia, faz do Wattsap uma distração diária. Usá-lo com inteligência é a melhor maneira de angariar bons amigos. É uma pequena mina de cultura.”

Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.