Edson Vidal

O Susto das Urnas

Sei que eleger candidatos é ato democrático e que os mais votados são eleitos. Tudo bem, esta é a regra do jogo eleitoral. Mas o placar final foi catastrófico. Em Curitiba nomes tradicionais e de incontestável competência foram superados por outros de periferias, prestadores de serviços e pessoas relacionadas nos seus bairros por estarem mais próximos de seus eleitores nos momentos mais críticos. Chance descartada para os candidatos que residem no centro da cidade porque os eleitores são menos comunicativos e auto- suficientes. 

A vida no bairro permite estreitar amizades e praticar atos de solidariedade com muito mais habitualidade e precisão. Aquele que tem contato mais próximo e permanente com o eleitor consegue angariar muito mais simpatizantes para a sua causa, do que um outro que só tem a oportunidade de aparecer por segundos com seu rosto na TV. É claro, também, que um candidato que mora distante de qualquer bairro dificilmente consegue votos porque cada um deles tem sua própria liderança e concorrência. 

Aquele que não tiver um eficiente e carismático cabo eleitoral dentro na periferia não conseguirá votos e terá dificuldades para se eleger. O melhor exemplo do que estou falando está na figura controvertida de Casemiro Belinati, um político da velha guarda que foi por inúmeras vezes Prefeito Municipal da belíssima cidade de Londrina, que morava em um ótimo apartamento no centro da cidade e que no período eleitoral mudava para outro apartamento, também de sua propriedade, localizado no bairro “dos sete conjuntos” que concentram centenas de famílias de baixa renda e de onde garimpava seus preciosos votos. 

Outro ponto há considerar é a crescente militância partidária e a propalada divisão de classes sociais, restringindo os bons candidatos a disputarem votos dentre um mesmo segmento de eleitores. É difícil imaginar que pessoas ilustres como Gerson Guelmann, Salamuni, Borges dos Reis, Jose Maria, Bruno Pessuti e Paulina Hilebrant  não tenham alcançado votos suficientes nas urnas, perdendo Curitiba aqueles que seriam os seus melhores vereadores. De outro viés também é assustador constatar que numa cidade tradicional que prima pelo bom e pelo melhor o PT tenha conseguido eleger três militantes e que o Francisquini, um populista e homem de duvidosa atuação pública, tenha eleito sua esposa. 

É forçoso admitir, ainda, que a bandeira socialista tem avançado há passos largos pela facilidade que seus militantes têm de pregar ideias obtusas como a igualdade não apenas social mas de tudo que se possa imaginar; e prometer um mundo de devaneios. Não existe outro exemplo maior do que aconteceu em São Paulo com à participação do Psol no segundo turno à Prefeitura, sem falar do PT no Rio Grande do Sul, porque lá a “República” está em lua de mel com a esquerda e não é de agora. É crescente no país os focos que demonstram o crescimento da demagógica ideologia que sabidamente coloca em risco a democracia e a liberdade de seus habitantes. Também é verdade que a eleição em comento não testou o prestígio do Bolsonaro, embora alguns candidatos que ele tenha apoiado não tenham tido sucesso nas urnas, porque prestígio não se transfere. Mas é possível antever que sua reeleição encontrará adversários mais fortalecidos e se houver consenso das esquerdas, a disputa será voto a voto e o resultado imprevisível. O momento exige reflexão e participação de todos na melhor política, pois ficar distante e como meros espectadores será dar de mão beijada para outro Lula da vida , um país pujante,  de dimensão continental e de invejável riqueza ...

“Quem não avalia a condição do candidato e vota por votar, prestou um desserviço à sua própria cidade. Enquanto os eleitores não valorizarem os seus votos a política nunca será depurada. País inculto é sinônimo de políticos medíocres!”

Edson Vidal Pinto

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