Edson Vidal

Mundo, Estranho Mundo!

Quando menos você espera surge algum personagem inusitado que tudo faz para merecer um segundo de fama. O agito e as preocupações do cotidiano estão motivando pessoas a sentirem emoções das mais variadas formas, não basta viver os momentos como simples mortal, tem que usufruir de episódios inusitados e extravagantes. Também tem pessoas que são insensíveis e frios a ponto de não se importarem com a vida humana. 

Pronto, descrevi dois comportamentos díspares: o primeiro de indivíduo que faz coisas que não servem para nada; e o segundo para provar o quão cruel pode ser a pessoa humana. Agora então vou exemplificar. Anteontem à noite na TV o “Jornal da Recorde” mostrou uma reportagem que parece um besteirol sem tamanho, mas serviu para despertar a atenção pelo menos por um minuto. Foi num templo de adoradores de macacos na Índia, onde estes animais vivem e proliferam no meio de uma imundice sem tamanho, porém não são molestados porque são criaturas “sagradas”. 

Pois não há de ver que um pianista alemão, tido como um concertista renomado na Europa, colocou um piano de cauda dentro do templo e por mais de uma hora tocou músicas clássicas com os macacos pintando e bordando sobre o instrumento, teclado e até em cima de seus ombros e cabeça. No final da “audição” ele declarou que ficou satisfeito por deparar que os animaizinhos tinham interagido com ele. Minha prima Eneida que estava do meu lado e assistiu a matéria jornalista não resistiu e perguntou:

- A troco do quê esse homem fez isto?
Fingi que não ouvi mas ela insistiu:
- Por que o cara tocou para um bando de macacos nojentos?
Timidamente respondi:
- Porque não tinha coisa melhor para fazer ...
- Sei, sujeito nojentinho né?

Dei um sorriso sem graça e continuamos assistindo o noticiário. De repente uma cena desumana. Uma câmera colocada na frente de uma casa em uma cidade do Paraná, gravou um pequeno veículo, da cor preta, estacionar no meio fio da calçada, uma mulher desceu carregando uma caixa de papelão e depositou a mesma no chão, depois voltou para o carro que rapidamente deixou o local. 

Uma outra mulher viu e se aproximou da caixa retirando dentro dela uma criança recém-nascida. Os autores de tão tresloucado gesto foram os pais do nenê que queriam se desfazer dele e resolveram fazer o que fizeram. Após diligências da polícia civil os “pais” foram localizados, identificados e presos. A Eneida não aguentou e explodiu:

- Pena de morte é pouco para pais tão desalmados!

O abandono de incapaz em plena via pública é crime hediondo! Você não acha? Mais uma vez não respondi de inopino pois eu estava ruminando minha raiva. O que responder? Que deveria sim ter pena de morte na guilhotina ou talvez prisão perpétua? Pensei o mais que eu pude, daí então respondi:

- Não sei querida prima qual seria a melhor solução, mas um pai e uma mãe que tem a coragem de abandonar um filho ao léu, não é gente e sim um pária humano ...

- Concordo. - respondeu a Eneida. Nem demos mais atenção ao noticiário da televisão porque ambos estávamos estarrecidos com a cena do abandono e do desamor. Foi quando voltei a pensar nos macacos sendo de alguma forma acarinhados por um músico excêntrico. Concluí então que todos estamos vivendo num mundo cão ...

“No mundo estamos testemunhando momentos inusitados e sem aparente explicação lógica. A morte que é o nosso maior mistério foi banalizada. Morrer e matar já não causa espécie. Os seres humanos estão retrocedendo para a escuridão das cavernas!”

Edson Vidal Pinto

 

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