Tempos Modernos
Como não tem nenhum jornal que preste em Curitiba eu me obrigo diariamente dar uma passada de olhos na publicação virtual de “O Dia” do Rio de Janeiro, uma espécie de “Tribuna do Paraná” editado pela “Folha de São Paulo”, contendo um mínimo de notícias, muito da vida de mulheres famosas da TV e muito mais do pobre futebol carioca. É leitura sem compromisso que serve apenas para matar o tempo e esquecer em alguns segundos da madrasta pandemia.
Leitura descartável é claro. Como chamariz principal fotografias de atrizes e cantoras em trajes sumaríssimo aos beijos e abraços com pessoas de igual sexo e as vezes do sexo oposto, com manchetes insinuantes que expõe a nudez feminina em todas as posições. Na última delas uma foto da Camila Pitanga com sua ex-namorada. Claro que induz ao leitor acreditar que o mundo artístico seja um ambiente impróprio para filhas de família.
E de quando em quando uma delas grita para todo mundo saber que foi vítima de abusos por parte de primos, do irmão, do pai, do tio, do avô; ou confessar que foram estupradas por diversas vezes em datas alternadas pelo mesmo tarado. E tudo noticiado às escancaras para quem quiser saber. A mulher parece que perdeu a classe para se tornar mero objeto de desejo. Lembro de ter visto uma charge publicada na Revista “O Cruzeiro” lá pelos idos de 1.960 onde retratava um típico malandro de praia, vendedor de picolé da Kibon ao de seu carrinho em plena Avenida Atlântica no Rio de Janeiro, atendendo vários rapazes quando passava ao lado uma moça linda, dentro de um mini biquíni e nenhum deles olhou para ela.
Era uma crítica de que a nudez feminina já não chamava mais a atenção dos homens. E para superar aquela apatia a mulher na modernidade tem procurado se superar ao máximo para se expor de maneira mais ousada e cada vez mais desnuda. E mais ridículo é o noticiário dos atores e seus namorados, com brigas, ciúmes e traições. Tudo como se tudo isto fosse absolutamente normal. Sinal dos tempos. Com a apresentação deste cenário como pano de fundo é normal que surjam situações nunca antes imagináveis.
Difícil até de acreditar, mas verdadeiro. Homem casado com mulher, que em vida teve um amante porém morreu e a esposa passou a receber os respectivos proventos de pensionista. O amante irado aforou demanda judicial contra a viúva pretendendo receber metade da pensão. E o imbróglio foi parar no hilário STF. Dias atrás àquele Colegiado decidiu por maioria de votos (6x5), que amante não tem direito que mulher casada tem -, era só o que faltava que o resultado fosse diferente. Seria o fim da família e dos direitos da mulher casada.
E cinco julgadores, dentre estes o Fachin, defenderam como puderam o direito do amante e indiretamente a prática da bigamia que é crime previsto no Código Penal. Que turma do balacobaco, gente. Este o sinal dos tempos. Bom mesmo era a época em que o ser humano lia o sinal do tempo apenas olhando para o céu , observando a formação de nuvens, avaliando a temperatura e a direção do vento para poder se arriscar ou não mar adentro.
O velho pescador da praia sabia muito bem o momento de enfrentar o perigoso mar. Hoje os indivíduos tem toda uma tecnologia ao seu dispor mas é incapaz de ler o sinal do tempo, pois não sabe como lidar com outras pessoas, nem o quê falar, insinuar ou brincar. O negro ofendido já grita que você é racista; o gay que você é homofóbico; o drogado que você é um censor; e a mulher desnuda que você é um assediador tarado. Tempos modernos. Impossível de interpretar.
E pensar que dizem uns e outros que viver pensando no passado é retrocesso, pois o presente é o que interessa. Se é assim o tempo moderno mostra uma humanidade doente que precisa de muita pandemia e sofrimento para voltar os olhos para o Alto ...
“Olhe bem ao seu redor e avalie por uma fração de segundos o que está acontecendo no mundo. O ser humano parece um zumbi por ignorar valores e pregar anarquismo. Só com a razão a humanidade não resiste e os indivíduos não vivem em sociedade.”
Edson Vidal Pinto