Teatro de Fantoches
Dos três Senadores do Paraná o único realmente preocupado em esclarecer a opinião pública sobre a escolha do próximo Presidente do Senado Federal é senador Oriovisto Guimarães. Os outros dois senadores do Paraná como estão curtidos de saber que tudo não passa de manobras de bastidores estão distantes dos microfones e sem vontade de esclarecer absolutamente nada há quem quer que seja. Pois tanto o Álvaro como o Arns sabem muito bem que tudo não passa de mera encenação e que ninguém poderá votar em quem quiser porque o voto deverá ser de cabresto.
A liderança dos partidos em cada Casa de Leis é que dará a última palavra para indicar em qual candidato o deputado ou senador deverá votar e quem atrevidamente tentar desobedecer a ordem será sumariamente defenestrado. Sempre foi assim desde que a República é República. Certa feita em razão de exercer o cargo de Secretário de Estado da Justiça fui à Câmara Federal para defender projeto de lei que beneficiaria o Sistema Prisional com a implantação dos Presídios Industriais, tendo sido na ocasião recepcionado pelo então deputado Abelardo Lupion. Quando entrei no plenário e ouvi o burburinho de centenas de vozes como o ruído de abelhas em uma colmeia, o deputado de pronto me disse:
- Secretário, não ligue e nem se impressione com tantos políticos reunidos porque individualmente ninguém resolve nada com coisa nenhuma. Quem manda mesmo é o Presidente da Casa e algumas lideranças de partidos, mais ninguém. O que estes resolverem os outros só dirão amém!
Lição que aprendi e nunca esqueci. E é pura e cristalina verdade. Os congressistas não passam de fantoches manobrados por velhos espertalhões e ardilosas raposas políticas que manejam com habilidade tudo aquilo que lhes interessa, visando sempre tirar vantagens de tudo. Ou alguém duvida que antes da votação os Presidentes da Câmara e do Senado já não estão com os votos garantidos e festejando suas eleições? E o pior: sejam quem forem os ungidos com certeza serão sempre os piores dentre os piores. Por quê? Porque interessa a classe política como um todo, porque serão afáveis, corporativistas, ladinos e até justos em alguns poucos momentos.
E ninguém pense que serão melhores que o Maia e o Alcolumbre, não mesmo. Serão replay de seus antecessores. Então porque tantos parlamentares? Não seria mais lógico reduzir o número para um máximo de trezentos entre deputados federais e senadores? Com certeza o erário público agradeceria.
Diga-se a bem da verdade que o ensinamento ministrado de que na República os Três Poderes são independentes, porém harmônicos entre si, não passa de uma grande falácia porque está há olhos vistos que o Presidente da República interfere na escolha dos Presidentes da Câmara e do Senado; o Judiciário impõe ordens ao Presidente do que ele pude ou não fazer, inclusive avalizando quem ele deve nomear ou não para determinado cargo; e os Presidentes da Câmara e do Senado sentam em cima dos projetos que o Executivo quer aprovar sem dar a mínima satisfação para a sociedade. Prevalece sempre o interesse de poucos, de grupos, dos conchavos escusos acima do interesse nacional.
Esta é a triste realidade de um país mergulhado no lodaçal da corrupção porquê os homens públicos na sua maioria são medíocres e imorais. Se o Senador Oriovisto quiser prestar um ótimo serviço e honrar o cargo que ocupa deveria debater com a sociedade temas que pudessem propiciar debates acirrados, mostrando a verdade nua e crua dos bastidores dos Poderes, das benesses dos políticos, dos pecados do Judiciário e costurar uma pauta de civismo que possa tirar o Brasil do marasmo em que se encontra. E não adianta chorar no molhado porque ninguém verá lágrimas, só gotículas d’água que isoladamente não representam nadica de nada ...
“O Sen. Álvaro defende o fim do foro privilegiado e não chega há lugar nenhum. O Sen. Arns não defende absolutamente nada. O Sen. Oriovisto tenta agora explicar o inexplicável que é a escolha do Presidente do Senado. Está na hora dos três senadores discutirem e abordaram temas de relevância nacional, deixando de lado a mesmice que não leva há nada!”
Edson Vidal Pinto