Depois do Natal a Troca dos Presentes
Passado o Natal e aproveitado para curar a ressaca no sábado e domingo é a hora e a vez do primeiro dia útil. Momento aguardado para trocar os presentes que ganhamos e não gostamos e daqueles que gostamos, mas não é o nosso número, pois não cabe no nosso corpo. É sempre assim: entra ano e sai ano o drama de presentear é sempre o mesmo, pois as crianças crescem, os adultos ficam mais exigentes e os idosos são os únicos fáceis de dar presentes.
Para as vovós talco, sabonete ou água de cheiro do Boticário; para os vovôs o tradicional par de meias, uma dúzia de lenços ou um par de chinelo de pano. Parece que falta criatividade para presentear pois tem pessoas que em pleno Natal presenteiam parentes e amigos com chocolate, achando que o Coelhinho da Páscoa é que vai entrar pela chaminé das casas para distribuir ovos e bombons. Na verdade, mesmo, o moderno mundo do consumismo, torna um pesadelo escolher presentes de Natal primeiro que os presenteados têm tudo que se imagina e segundo porque dependendo da pessoa não é possível dar qualquer presente.
Explico: se você ganha um presente caro, dado com amor e carinho, óbvio que não poderá retribuir o mimo com um vaso mesmo que seja de vidro legítimo. E a retribuição faz da escolha um suplício. Diferente quando lhe presenteiam com um curso de aprendizado de música clássica, com assinatura virtual, que você pode retribuir com um simples lápis de propaganda ou uma folhinha calendário ofertada por loja comercial.
Só sei que cada Natal que chega fica mais difícil escolher um presente de verdade. E o pior. Não é quando o presente é uma “empurração” pois você guarda em alguém armário e esquece; mas aquele presente que não cabe em você ou não dá liga com seu gosto. Um bom exemplo é o sapato. É difícil acertar o gosto, cor e principalmente tamanho. Você recebe e agradece, mas já fica pensando no momento de trocar. E tecnicamente hoje por ser dia útil é o momento de trocar os presentes pois o comércio está aberto. E o mais interessante é que você nunca troca o presente ganho por outro igual, escolhe outro modelo, cor ou outro objeto totalmente diferente e acaba sempre pagando a diferença de preço para mais. Nunca para menos.
E o comerciante agradece. O Natal deixou de ser uma festa cristã para ser uma festa consumerista que serve para “abocanhar” o suado décimo terceiro salário dos trabalhadores. Ninguém mais vai há meia noite na tradicional Missa do Galo que era obrigação das famílias após a ceia de Natal para respeitosamente homenagear o nascimento do Menino Jesus, pois a maioria esqueceu o que representa o Natal, por outro lado as igrejas nem celebram mais essa Missa nesse horário com medo que os bandidos assaltem os fiéis. Sinal dos tempos.
O Menino Jesus fica sozinho na manjedoura do presépio e os “presentes” é que são esperados e festejados. Difícil de explicar. Nos meados do Século com certeza o Papai Noel será substituído por um robô, o pinheirinho por uma fotografia em três dimensões pendurada na parede e os presentes serão todos virtuais: uma viagem ao Museu do Prado; uma viagem aérea de São Paulo à Paris; paisagens filmadas de um drone dos Lençóis Maranhenses; uma sessão do Circo de Pequim e tudo sem direito a troca. Duvida? Quem viver até lá com certeza poderá conferir o que acabei de escrever. Não é à toa que modestamente sou conhecido como o Nostradamus, do novo mundo da tecnologia ...
“Trocar presentes no comércio é muito chato e você acaba sempre gastando muito mais; ou porque optou por um artigo melhor ou por outro que nada tem há ver com aquele que você ganhou. O Natal deveria ser uma festa só de confraternização e amor em que só as crianças ganhassem presentes. Uma maneira de homenagear o aniversário do Menino Deus!”
Edson. Vidal Pinto