Edson Vidal

Parecia o Rio

Depois da chuva, garoa, respingos e frio o sol palidamente está dando o ar de vida em Guaratuba. Tudo de acordo com o figurino pois o mês de janeiro tradicionalmente no litoral do Paraná é chuvoso e carrancudo, para tristeza dos banhistas. Mas com chuva ou sem chuva os mais jovens sempre encontram espaço para matar o tédio. 

E ontem à noite aconteceu o inusitado para um balneário de gente pacata e ordeira que só faz “agito” quando no carnaval ensaia um arremedo da folia baiana, com um trio elétrico percorrendo a avenida principal da cidade “puxando” atrás os mais desanimados, sisudos e bem comportados carnavalescos do planeta. É um carnaval insosso e sem purpurinas. Pois é, só que nesta madrugada Guaratuba lembrou o Rio de Janeiro. É verdade porque foram disparados tiros para todos os lados. 

A cena aconteceu na Avenida Atlântida na orla do mar, quando uma centena de jovens com carros, motocicletas e som muito alto estavam reunidos e perturbando o sono dos moradores do local. Estes enraivecidos telefonaram para a Polícia Militar que prontamente deslocou seu contingente armado para pedir que os baderneiros se dispersassem a fim de cumprir as regras ditadas para prevenir a pandemia. Mas não foram atendidos. E o confronto ficou iminente. Houve uma segunda tentativa da polícia e os agitadores permaneceram impassíveis. 

E na terceira tentativa foi bala de borracha para todos os lados e uma correria dos infernos. Tudo porque o Fachin, aqueles mesmos do STF, não estava em Guaratuba pois se estivesse teria impedido a ação dos militares. Ele não gosta de “violência” contra os perturbadores da lei e da ordem. Tanto que não permite que a polícia efetue ações de combate ao crime nos morros da Cidade Maravilhosa. É o verdadeiro Robin Hood da bandidagem. E com a salva de tiros disparados (sem vítimas) Guaratuba lembrou uma madrugada tipicamente carioca. 

Este é o cartão do novo Século e dos novos tempos. Cada pessoa faz o que quer, em qualquer lugar e em qualquer tempo, achando que só tem direitos e esquece das obrigações.

E como é domingo as ONGs de direitos humanos andam não acordaram para recriminar a ação policial ou esqueceram que Guaratuba existe. Tiro os olhos da telinha do visor de meu celular e vejo que no céu tem poucas nuvens e o sol continua mais intenso, acho que não vai chover. Que bom, vou aproveitar para dormir a tarde toda, com o aparelho de ar-condicionado ligado e sonhar com a piscina que está cansada de me esperar ...

“Balas para todos os lados. Foi uma noite tipicamente carioca. Esta é a moderna praia de Guaratuba dando sintomas de cidade grande, agitada, nervosa e temperamental. É uma Rio de Janeiro numa maquete de fundo de quintal.”

Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.