Quarta Dimensão
Na antiga programação do canal 12 então de propriedade do saudoso dr. Nagib Chede, época dos primórdios da televisão em Curitiba, passava uma série de filmes intitulada “Além da Imaginação”, cuja apresentação tinha um homem de braços e pernas abertas caindo “dentro” da figura geométrica de uma espiral. Cada episódio começava narrando uma história real e de repente acontecia algo extraordinário e as pessoas eram transportadas para um mundo que era irreal, chamado de “quarta dimensão”.
Pois, é. Me esforcei ao máximo no preâmbulo desta crônica para situar o leitor no momento que nos encontramos em nosso país. Literalmente estamos imersos no mundo da quarta dimensão onde tudo parece acontecer entre a mentira e a realidade. É verdade. Basta.
Olhar para os lados e para a TV e tentar compreender o que realmente está acontecendo com a vacina prometida para combater o Covid. Gente, ninguém sabe de nada e nem de coisa nenhuma. São tantas notícias desencontradas e absurdas sobre vacinas, seringas, datas de vacinação, manual dos lugares e horários, quem ou quais serão as primeiras pessoas a serem vacinadas, mas no fim mesmo ninguém sabe dizer onde estão as vacinas. A Índia disse que não tem como atender o pedido sem dar maiores explicações se é porque não tem, nunca teve ou porque primeiro vai vacinar a sua pequena população.
O governo brasileiro colocou aviões na pista para buscar as vacinas na Índia e nada aconteceu, os aviões continuam no solo. O noticiário da Rede Globo ironicamente tripudia todas as informações prestadas pelo governo federal e se delicia com a falta de oxigênio para atender os infectados de Manaus que estariam morrendo pelas ruas. A politização da doença tem sido uma praga sem fim. Os políticos “do contra” querem o quanto pior melhor para desgastar a imagem do Presidente; e este com seus correligionários sem nenhum jogo de cintura colocam palha no fogo. E para piorar a classe médica discute em público as suas diferenças, uns a favor dos medicamentos indicados para prevenção e outros frontalmente contrários na espera de que o pior aconteça para o paciente merecer o devido tratamento.
E o mais trágico: tem profissionais da saúde que recomendam vacinar e outros que devemos esperar para ver primeiro qual será a reação. Haja estômago para aguentar tantas opiniões desencontradas. No cenário da quarta dimensão em que nos encontramos não sabemos o que fazer nem em quem acreditar, o que esperar e como voltar ao mundo real. Simplesmente estamos nas cenas intermediárias do filme que protagonizamos onde o pesadelo continua num enredo que não tem fim.
E como não tem ninguém que dê um murro bem dado na mesa mandando os intrometidos calarem a boca “aparecer” a verdade, só resta implorar que que a gravação do filme pare de rodar por falta de energia elétrica no estúdio, para que os nós os atores possamos ao menos vomitar no banheiro mais próximo ...
“Quanta informação e contrainformação ao mesmo tempo que nossas cabeças mais parecem um balaio de gatos de rua. Ninguém mais entende de nada, se a vacina é ou não eficaz, se vale a pena tomar ou é um risco com graves consequências. E durma-se com um barulho desses!”
Edson Vidal Pinto