Sonhando Acordado
Na sociedade dois grandes temas são objetos de discussões: saber se a forma de governo democrático é melhor do que o modelo socialista ou vice-versa. E todas as discórdias que dividem os pensadores orbitam ao redor da ideologia. O socialismo nas suas várias facetas brotou da mente de sonhadores do final do Século XIX que deliraram em busca de uma sociedade igualitária dirigida por trabalhadores para os trabalhadores.
E onde foi implantado se constatou que a elite dominante do sistema é composta por agente autoritária e despótica que submeteu o povo ao jugo do Estado. Pois não é minimamente razoável igualar pessoas humanas num mesmo patamar de sonhos e necessidades. O direito de alcançar objetivos é nato do gênero humano, daí as várias classes sociais que refletem o esforço e as oportunidades surgidas para cada indivíduo.
Nesses lugares do mundo em que o socialismo predomina o povo é oprimido e basta um pequeno lançar de olhos sobre a Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba e presentemente na Venezuela para constatar que existe a classe dominante e a grande massa de subjugados. Não existe “socialismo” cristão como pensa o Francisco e nem complacente com os menos favorecidos. E mesmo assim os movimentos políticos mais atuantes buscam cooptar novos adeptos seduzidos pelas palavras fáceis e devaneios acadêmicos daqueles que pregam “igualdade”, mas vivem enfurnados nos clubes sociais frequentados pelas elites.
No Brasil a maioria dos esquerdistas são ricos, moram muito bem, são oriundos da burguesia, não se importam com o custo de vida e querem a qualquer custo a igualdade social. Como? Com certeza direitos iguais para todos, mas sem dividir nada do que conquistou com um pobre desdentado e sem educação. É a velha frase: “Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”. No meu tempo de faculdade tinha na minha sala dois colegas comunistas declarados, mas depois de formado ganharam dinheiro e nunca mais quiseram defender a tal ideologia.
Mas também tem o inverso: indivíduos de família burguesa que conseguiram ótimos empregos e continuam com ideias esquerdistas sem nenhum motivo aparente. Não dá para entender comportamentos tão díspares. De outro viés tem o regime democrático cujos alicerces estão fincados na antiga Grécia do Século V, a.C, quando todos os habitantes se conheciam e conseguiam por voto direto, em uma única praça da cidade, eleger seus dirigentes. Mandatos curtos e sem reeleição.
As famílias abastadas custeavam com suas riquezas os navios de guerra, pagavam os soldados e contribuíam para as construções dos prédios públicos. O ato de corrupção era punido com o banimento do país onde o infrator era expulso para viver no ostracismo. Seria ótimo no Brasil, não é mesmo? Mas o modelo se ajustava para países cujas cidades tivessem poucos habitantes, tanto que Platão dizia que a cidade-estado não poderia ter mais do que cinco mil cidadãos e Aristóteles justificava esse número ao defender que cada cidadão deveria pelo menos conhecer de vista os outros. Tudo para escolher melhor seus dirigentes.
Claro que a explosão demográfica no mundo moderno colidiu com os prudentes ensinamentos desses dois filósofos. A democracia mudou ao longo dos tempos e propiciou que a molecagem política florescesse em prejuízo do Estado Democrático de Direito. Mas apesar das mazelas o modelo de governo democrático é a melhor forma para propiciar aos cidadãos o direito de liberdade, de buscar seu ideal de vida, constituir família, honrar o Senhor Deus e de poder sonhar com um futuro promissor ...
“Num país comunista eu queria pertencer à elite dominante, sim, isto mesmo, aquela classe de gente que orbita no Poder. Ser proletário nem pensar. Talvez amigo do Chefe para ser nomeado embaixador em Washington, ou Paris e no pior das hipóteses nas Bahamas.”
Edson Vidal Pinto