A Arte de Saber Andar
Parece brincadeira, mas até para a pessoa aprender a andar é necessário conhecer da arte para não cair. A arte do qual me refiro é o conjunto do equilíbrio (que é uma arte) para se sustentar sobre os pés e pernas e a destreza (que não deixa de ser arte resultante de muito treino) para adquirir a sustentação pretendida. E tudo na vida exige um pouco de arte -, falar, escrever, criar, optar, cantar, sapatear, compartilhar e calar. Tudo no seu tempo e jeito.
E por que faço esta introdução? Porque pretendo discorrer sobre a arte de viver da melhor forma possível sem medo de frequentar qualquer ambiente e nem susto quando o telefone começar a tocar. Nada de novo para quem enfrentou a vida sem pisar em ninguém e nem deu rasteiras para alcançar a meta de chegada. Na linha de partida que compreende o nascimento de uma criança todas são iguais quando sadias; aprendem no devido tempo todas as artes da criação como comer, andar, falar, vestir, ler, escrever e ter consciência do que é certo e do que é errado.
E não importa o berço familiar se é farto, pobre, remediado, unido ou dividido porque os pais dedicam aos filhos tudo do que melhor lhes possa proporcionar para terem um futuro promissor.
Claro que dentro da visão e possibilidade de cada família dependendo sempre, do esforço individual dos filhos, cada um trilhar o melhor caminho. Fico pensando na luta de muitas pessoas que aprenderam com o pouco que tinham em casa para superar obstáculos e alcançar o sucesso, enquanto muitos outros tinham tudo e não fizeram nada. Penso na figura ilustre do dr. Antenor Pamphilo dos Santos, nome de rua de Curitiba, mas que poucos sabem que ele era negro, médico e foi um dos fundadores da Universidade Federal do Paraná. Penso por quê? Imaginando as dificuldades que encontrou por ter nascido em berço humilde e ter alcançado a glória de ter sido um professor e médico de renome. Outro exemplo? O de Damásio Evangelista de Jesus, pardo, um jurista de escol, professor, escritor de livros jurídicos, Procurador de Justiça do MP de São Paulo filho de boias-frias, que se alimentou muitas vezes de pão e água para “enganar” a fome e foi um exemplo de cidadão e homem para toda uma geração.
Ditos indivíduos de saudosa memória souberam melhor do que ninguém decifrar a arte de viver bem. Com esforços próprios conseguiram alcançar as portas do sucesso. E por quê não fazem o mesmo àqueles indivíduos que militam na política e tem nas mãos a chave do Poder, a fórmula para modificar o país e optam por egoísmo atender apenas os interesses do próprio bolso. Enquanto aqueles cujos nomes foram referidos se prestaram a servir o povo e ensinar, os políticos não passam de oportunistas, com raras exceções. Parece que a classe política desconhece a arte do bem viver, do bem fazer, do bem dividir e do bem criar.
E o eleitor teima em ignorar o valor do voto e reelege medíocres e parasitas. Com tão bons exemplos de biografias de gente digna o povo ao invés de confrontar as mesmas com os candidatos que “aparecem” preferem privilegiar os amigos, oportunistas e comparsas.
Os eleitores têm que acordar do sono letárgico e defenestrar “os mesmos da velha política”, pois o Brasil precisa de ar puro para respirar e não mais o ar fétido do lamaçal da corrupção ...
“Procure confrontar biografias de pessoas ilustres, com o currículo apresentado por concorrente a cargo eletivo. Eis uma boa maneira de votar com lucidez e dever de cidadão!”
Edson Vidal Pinto