E Agora o Ostracismo!
Na velha democracia da Cidade-Estado de Atenas (Século VI aC) o cidadão eleito para governar que tivesse comportamento incompatível com a dignidade pública praticando atos impróprios e atentando com leviandades políticas contra o Estado, não só era deposto do cargo como, também, obrigado a buscar exílio em outro país. E só poderia retornar à Grécia depois de decorrido mais de dez anos.
Dizia-se então que o infrator tinha cumprido o período do ostracismo -, ou seja, caído da lembrança do povo. Na vida pública o agente político que não tem consciência de que todo cargo de relevo político ou não tem o seu devido tempo de duração e ignora esta verdade, mesmo quando tenha tido eficiente atuação, quando deixa o exercícioda função sente o vácuo do poder.
Agora imagine aquele que permaneceu seis longos anos no comando político de uma Casa de Leis praticando despoticamente os mais diversos atos atentatórios à Nação, e tem de descer de seu pedestal para caminhar na planície do plenário misturado com todos os seus demais pares. E de repente com o passar dos dias toma consciência que a imprensa passará a ignorá-lo, ninguém mais irá procurá-lo como antes e o tratamento bajulatório diário não será mais o mesmo.
Mal comparando é o mesmo que o ostracismo grego com a diferença apenas que não será ainda mais punido com o desterro. É como hoje vive e viverá o deputado federal eleito com um pouco mais de setenta mil votos, o Rodrigo Maia, vulgo “Nhonho” para os íntimos. Com a posse do deputado Arthur Lira na Presidência da Câmara Federal terminou o ciclo nefasto do folclórico Maia que se prevaleceu do cargo que ocupou para bafejar o petismo e solapar até o último dia o Governo Bolsonaro, obstando projetos e tentando impedir a sua governabilidade. E agora? A bola que ele jogava e chutava para todos os lados, mas que ia e logo retornava às suas mãos simplesmente murchou -, acabou seu prestígio, seu comando e sua voz.
Na política como em qualquer cargo do Ofício Público quando o ocupante sai para outro tomar posse sentirá falta das atenções, holofotes, microfones, mesuras e importância. É a velha máxima: “Rei morto, Rei posto; Viva o Rei”. E o que fará o deputado Maia doravante? Será que vai liderar um grupo de deputados “do contra” para incomodar o governo? Nada disso, seu mandato na Câmara ainda não terminou, mas chegou o fim dos seus arroubos, enfrentamentos e obstáculos para o governo pois não terá força suficiente fora do cargo de Presidente, pois será mais um dirigido pelo Partido e um anão sem voz. Puro ostracismo. Aliás não muito diferente dos nossos Senadores do Paraná que não conseguiram conquistar um único cargo na Mesa Diretora do Senado, numa demonstração inequívoca de seus desprestígios naquela Camara Alta.
E por estarem perfilados num mesmo Partido não é de duvidar que em razão do alinhamento da bancada tivessem votado contra o Presidente eleito. E daí é difícil conquistar postos chaves que possam justificar minimamente suas presenças em Brasília ...
“A arte da boa política exige bom senso e oportunismo produtivo para galgar postos de comando, para daí, sim, justificar o porquê de ser eleito. Ciscar apenas no palco dos acontecimentos é mero jogo de cena. Participar de aliança com grupos mesmo heterogêneos sem respingos na própria honra, é a verdadeira fórmula para ser um bom político.”
Edson Vidal Pinto