Socorro Prefeito, Preciso Tomar sol!
Fui há uma consulta médica porque no meu exame de sangue deu que a vitamina “d” no meu organismo está muito baixa, ele recomendou que eu tomasse sol, muito sol por ser a forma natural de reposição dessa vitamina sem fazer uso de medicamentos. E como tomo por dia um caminhão cheio de produtos fabricados por laboratórios do mundo todo, não titubeei em seguir a recomendação menos onerosa.
Levantei-me disposto, abri a janela do quarto e quando olhei para o alto não tinha uma única nuvem e o sol reinava com todo o seu esplendor. Pensei com meus botões: “ É agora que vou “torrar” no sol!”
Vesti uma bermuda, camiseta, calcei o tênis, coloquei um boné na cabeça e lá fui eu para o Parque Barigui. Embora resida há quatro quadras do parque que vejo todos os dias da varanda do meu apartamento, como sou acomodado desci na garagem e fui com meu Fiat, 147, da cor laranja “táxi”, até o referido lugar público. Entrei no parque pelo lado oposto do pavilhão de eventos pois sabia que estava proibido trafegar naquela direção por causa da vacinação da COVID-19.
Fui para onde as capivaras vivem e gostam de se refestelar sem preocupações ao ar livre, porém tive uma desagradável surpresa: o Prefeito proibiu andar, correr e fazer exercícios físicos no parque! Não pude nem parar o meu carro porque os lugares para estacionar estavam cercados de cones e tiras amarelas. Guarda urbana em todas as direções. Dirigi com intenção de ser ignorado assim como um bandido perigoso se escondendo da polícia. E o sol a pino. Vi as capivaras deitadas e tomando sol. E eu dentro do meu Fiat-147, que não tem ar-condicionado, suando como atleta de maratona. Voltei para casa e deixei meu carro pois resolvi andar a pé pelas ruas do bairro.
Não cheguei a dar os dez primeiros passos e logo tropecei no desnível da calçada, felizmente não cai. Continuei andando e ligo pisei num cocô de cachorro que emporcalhou meu tênis branco. Tentei limpar na quina na calçada e na grama do passeio e não consegui muita coisa -, comecei então a sentir um cheiro muito parecido com as decisões do Gilmar e de sua turma. Fiquei nauseado, porém como estava próximo de casa voltei para lavar meu calçado. Antes de entrar no prédio olhei para o alto e o sol estava entre nuvens.
Enquanto limpava meu tênis fiquei pensando na maldade do Prefeito decretar o Lockdown por tanto tempo, ignorando o problema financeiro dos outros e não se importando com a qualidade de vida dos munícipes. Fechar parques públicos onde pessoas se encontram ao ar livre e desde que usem máscaras não parece nada sensato. Considerando que o sol nasceu para todos. Sei que o governador também é culpado por essa estultice. Eles quando querem podem caminhar no Country Club ou jogando golfe no Curitibano.
E nós que somos proprietários de um Fiat-147, vamos caminhar onde? Na Serra da Graciosa para morrer atropelado? Ora que cada indivíduo faça o seu próprio lockdown para evitar a contaminação do vírus chinês e tomar medidas para preservar a própria vida; porque cada pessoa sabe quando o sapato lhe aperta. O Poder Público que siga as orientações dos sanitaristas sem tolher a liberdade de ninguém, lembrando que na Segunda Guerra Mundial a cidade de Londres mesmo bombardeada incessantemente pelos nazistas sempre teve o seu comércio funcionando, o povo trabalhando e só os que não podiam é ficavam dentro dos abrigos subterrâneos.
É tudo uma questão de cuidado e bom senso. Coisa que o enfurecido e desbocado alcaide aqui da “Vila” não tem. Enfim limpei meu tênis. Novamente calcei nos meus pés e desci para a rua. Putz, olhei para o céu e o sol mal aparecia entre os flocos de algodão negro. Então resolvi apenas dar uma volta no quarteirão subindo a rua Padre Agostinho e retornando pela rua Padre Anchieta, apenas para sentir no meu rosto, braços e pernas o calorzinho do sol. Ledo engano. Andei uns vinte metros e senti os primeiros pingos de chuva, insisti na caminhada e nos próximos dez passos a chuva me pegou em cheio. Fiquei totalmente encharcado.
E tudo por culpa do Prefeito sem coração e possuído de ódio contra o Bolsonaro. E eu é que pago o pato como se tivesse culpa de o Presidente não ser do mesmo partido político. Cheguei em casa fulo da vida. Mas como sempre digo: cabrito bom não berra; depois de tomar um bom banho, vesti outra bermuda e camiseta, peguei a lanterna de luz da gaveta do armário, depois sentei na minha poltrona preferida e então acendi a lanterna direcionada em minha direção para curtir o “sol” artificial. Só espero que seja suficiente para atender a recomendação médica e me devolver a vitamina “d” que sumiu ...
“Em tempo de lockdown quem precisar tomar sol que use da criatividade. Pois fazer caminhada pelas calçadas da cidade é pedir para quebrar o pé, perna e a cara; ou então pisar em cocô de cachorro de madame. Pois o Prefeito proibiu caminhar nos parques públicos por causa da pandemia. Que besteira, hein? “
Edson Vidal Pinto