Tempo de Pandemia
Meu Deus a semana passou como um foguete e hoje é domingo porém continuo enclausurado no monastério de meu sacrossanto lar. Sim, pois no meu apartamento tem tantas velas acesas pelas orações que tenho feito de meia em meia hora em virtude das “correntes” recebidas de meus amigos do wattsap para que o vírus do Covid acabe, que o cheiro das velas e odor adocicado dos incensos estão impregnados em todo o bairro onde moro.
E pensar que tomei as duas vacinas, minha máscara já faz parte do meu rosto e de tanto cheirar o álcool que passei em minhas mãos virei um alcoólatra. E o pior de tudo: estou me tornando um ser antissocial pois quando alguém esporadicamente se aproxima para conversar eu tenho vontade de correr e sentar na frente da televisão. Pois me sinto muito melhor quando diálogo com os astros e atrizes das centenas de filmes que assisti neste longo período de estiagem de minha vida -, afinal estou longe do grande público há mais de um ano.
Às vezes me pergunto que raios de vacina eu tomei porque ainda estou impedido de sair de casa para conversar com meus familiares e amigos, pois continuam as restrições impostas militarmente pelo “meu” governador e “meu” prefeito”. E nem a Ivermectina que meu cabeleireiro receitou para evitar a queda dos últimos fios de cabelo que me restam na cabeça eu posso usar, porque tenho alguns amigos que me olham de cara feia e criticam se eu tomar. Estou me sentindo numa verdadeira prisão domiciliar como se tivesse sido condenado pelo impoluto Moraes (aquele do STF) e sem direito de impetrar habeas corpus para o humanitário Gilmar (não preciso dizer quem é porque o Brasil todo conhece).
E só de imaginar que o tal do Luiz Ignácio quando foi exemplarmente punido por Juízes de verdade e esteve hospedado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba não sofreu restrição alguma, pois recebeu políticos, artista de cinema de Hollywood, o Maria Louca, a noiva, a Amante, muitos charutos e a “marvada” 51. E eu? Só recebo “correntes” de orações que tenho medo de “quebrar” com receio de ir para o inferno.
Este é o mundo mágico da pandemia num país tropical como nosso; onde ser “socialista” e membro da fantástica fábrica de chocolate que é a CPI da Covid dá um tremendo “status”; e ser honesto dá uma baita vergonha ...
“Domingo é dia de pescaria e de jogar conversa séria para as nuvens. Ninguém pode viver encastelado no meio do medo. A vida, apesar da dor da saudades, continua sua marcha. No atual momento ninguém pode perder o direito de sorrir.”
Edson Vidal Pinto