Secretaria de Segurança Um Caso de Polícia
Não nego para ninguém que votei no Ratinho pois quem lê minhas crônicas sabe que optei em razão dele ser jovem, entusiasta e representava uma renovação na política. Fiquei decepcionado quando ele compôs o secretariado porque a indicação recaiu em pessoas da cozinha de seu pai, alguns já ultrapassados e oriundos de outros governos, muitos desconhecidos e dois ou três aproveitáveis. Quando li que um coronel do exército foi escolhido para a pasta da Segurança Pública antevi que não iria dar certo, não pela falta de qualificação profissional, mas por que a área exige muito mais por se tratar de setor que impõe aplicação da boa política.
Sei disto porque fui Diretor-geral daquela Secretaria numa época em que um só crime de repercussão no estado era motivo de cobrança da imprensa e do povo em geral que deixava o Secretário preocupado porque o fato respingava no Governo. Todo delito tinha que ser averiguado de imediato e seu autor identificado para acalmar a sociedade. Hoje não é assim, pois os crimes se multiplicam e não existe mais a imprensa policial combativa como no tempo do Cadeia, Chaim, Algacir Túlio, Arthur de Souza, Ratinho e dezenas de outros que não só noticiavam nas rádios os delitos como também cobravam resultados.
Uns um tanto folclóricos e exagerados mas que tinham grandes audiências. Como a morte foi banalizada a Secretaria de Segurança deixou de ser vitrine e o seu titular pode muito bem permanecer oculto nos bastidores. Afinal ele tem uma super Secretaria nas mãos e não tem de dar satisfação para ninguém. E o crime e a violência cresce assustadoramente. Ademais não consigo assimilar o porquê de uma Secretaria tão importante na prevenção e averiguação de crimes ainda tenha agregado na sua estrutura a complexa e difícil área do Sistema Penitenciário que tradicionalmente era ligada a Secretaria de Justiça. Por quê? Porque quem prende não pode ter a atribuição de ressocializar o preso.
É questão de política criminal que só um criminalista conhece muito bem. E outra: a militarização dentro dos presídios quando exagerada evita rebelião mas deixa tenso o setor. Um barril de pólvora sempre prestes a explodir. E o mais importante: primeiro que as escolhas do Comando da Polícia Militar deve recair em coronel qualificado, agregador e que tenha ascendência sobre seus comandados, sem colocar em risco a hierarquia; e o Delegado-Geral alguém que além de qualificado seja aceito pelos seus colegas de igual classe funcional para poder desempenhar suas tarefas sem óbices. Parece por ouvir dizer que referidas escolhas não teriam sido as mais acertadas.
E por segundo: nenhum Secretário de Segurança pode se descurar em tratar diretamente com o Governador a questão salarial dos policiais. Tema sensível àqueles que arriscam suas vidas para dar segurança ao povo. E como os salários dos servidores estão (criminosamente) defasados e nem a reposição da inflação anual é cogitada é evidente que os policiais estão no mesmo bolo, gerando a insatisfação de todos. A polícia ainda não parou por respeito a sociedade do qual serve.
E um Secretário que se preze não pode nesta hora tapar os ouvidos, têm de conversar cara a cara com o governador e tomar atitude que justifique sua permanência no cargo, pois o governo do Paraná anunciou dias atrás um acréscimo substancial na rua arrecadação para regozijo do governador. Então é hora do tudo ou nada, sem medo e nem apego ao lugar que ocupa, pois afinal a classe policial espera de seu Secretário uma demonstração inequívoca que justifique o porquê de ter sido escolhido para o cargo...
“Sei o quanto é difícil escolher pessoas qualificadas e políticos ficha limpa para compor uma equipe de Secretários de Estado. Nenhum governador administra bem se não souber escolher bons assessores diretos. Uma ou outras substituições de nomes são úteis e necessárias para o bem dos governados. E a Secretaria de Segurança Pública precisa de urgente solução.”
Edson Vidal Pinto