Tricô Político
Quando o indivíduo resolve optar pela política sabe muito bem que terá de conviver com cobras, escorpiões e raposas porque estes infestam as Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Camara dos Deputados e o Senado Federal. A Madre Tereza de Calcutá não sobreviveria nem um minuto dentro do Congresso Nacional querendo mudar a ordem dos fatores como a moralização da política e com certeza seria excomungado pelo Francisco, conhecido tricoteiro dos bastidores do Vaticano e de seu conturbado banco. E no Brasil o caciquismo político sempre imperou e ainda tem imperado muito mais lá pelas bandas do nordeste e norte do país.
Pois se não fosse assim como justificar as reeleições de conhecidas raposas e predadores empoleirados no Congresso Nacional há anos e com seus respectivos ungidos ? Ninguém é inocente para desconhecer esta realidade pois o brasileiro não dorme de touca. E não é apenas no nível federal pois nos estados a situação é a mesma pois de quando em quando se sobressai um “dono” do poder que reina tranquilo com seu séquito de fiéis colaboradores. No Paraná há anos atrás todos sabiam que existia um personagem que usava e abusava em dar ordens inclusive interferia nas atividades judicantes e ninguém teve coragem de peitar ou tentar se opor para não ser execrado e cair no ostracismo. Quanto Juiz concursado que ao tomar conhecimento da aprovação corria em direção ao “chefe político” para escolher a comarca onde seria nomeado. E nenhum governador conseguia deter nas mãos a governabilidade do estado se não lesse a cartilha que ele escrevia há três mãos e usando luva de ferro.
E mesmo o mais intolerante dos governadores - a Maria Louca - não conseguiu governar sem as bênçãos dessa criatura. Esta é a realidade sem nenhum sofisma e nem excesso. Agora dá para imaginar hoje em dia como alguém pode presidir uma Nação que tem um Congresso Nacional em que a grande maioria está sendo processada no STF por crimes de diversas naturezas, sendo que nenhum destes é culposo ou tecnicamente reconhecido como insignificante. E como sabido nenhum Presidente da República tem a governabilidade se não contar com o apoio da maioria dos congressistas -, valendo para os demais países presidencialistas e democráticos. Na atual quadra brasileira o Brasil está no impasse de permanecer sendo uma democracia ou enfrentar a dura realidade de um socialismo dilapidador da liberdade. O Bolsonaro nestes dois anos e meio de governo demonstrou pelos menos duas coisas : que seu governo não rouba; e que não quer legalmente acionar as Forças Armadas para ter a governabilidade. E qual opção restou ? A política. Como ? Cooptando o chamado “centrão” para compor seu governo e com isto alcançar a governabilidade a fim de aprovar as reformas que interessam ao país e alijar de vez a mínima possibilidade de surgir um terceiro candidato, além do Luiz Ignácio.
Este um espectro de político que teima em não enxergar que morreu politicamente. Nomear o senador Ciro Nogueira um indivíduo da pior espécie para Chefiar a Cada Civil pode cheirar ruim mas não deixa de ser uma jogada de mestre. Começou com o deputado Barros que também não é flor que se cheire mas aos poucos Bolsonaro está fortalecendo seu poder para fazer frente ao Judiciário e espancar, como disse anteriormente, algum aventureiro que queira lhe fazer frente nas urnas. Este é o jogo político jogado num tabuleiro onde não tem peões, bispos, Torres, rei, dama e cavalos mas cobras, escorpiões e raposas. A charada está desvendada. E quem não acreditar é só esperar para ver …
“Se você não é pecador mas tem de conviver com pecadores, a única alternativa é se misturar com eles e ter consciência de que nunca vai pecar. Se este é o jogo e você não é o dono das regras, tem que encarar a realidade e jogar. Se não a casa cai. “
Edson Vidal Pinto