Decreto do Peru
Na minha vida pública que compreendeu o período de 14 até os 70 anos de idade -, tive o privilégio de ter exercido funções relevantes no âmbito da Administração Pública do Estado do Paraná, porém nunca fui agraciado com nenhuma Comenda ou Título de reconhecimento público. Em grande parte porque sempre tratei bem mas mantive distância dos políticos e porquê nunca sugeri ou pedi há nenhum deles qualquer benesse. Nada contra os que receberam mas acho que as autoridades concedentes desvirtuaram tanto o propósito destas honrarias que deslustraram as mesmas por absoluta falta de critério nas concessões.
Naquela denominada “Ordem do Pinheiro” que os governadores do Paraná concedem às figuras públicas (e obscuras) que se destacaram em favor do estado, consta um rol imenso de agraciados em que os realmente merecedores não passariam do número de dedos das mãos de uma única pessoa. A expressiva maioria foram lembradas por acaso ou por serem cupinchas dos mandatários pois razão mais plausível não existe. E os títulos de “Cidadão Honorário” entregues pelos municípios para satisfazer o ego dos homenageados? Claro que alguns poucos com certeza mereceram ganhar mas a grande maioria ganharam por serem partidários, amigos ou autoridades conhecidas de prefeitos e vereadores.
E haja festividades para tantas honrarias concedidas. Ah, lembrei de uma delas que foi o fim da picada: quando o Presidente Jânio Quadros concedeu a “Medalha Cruzeiro do Sul” para o controvertido sanguinário Che Guevara, um psicopata que hoje ostenta sua cabeça com boina preta com estrela vermelha nas camisetas de desmiolados. E cá entre nós foi um homenagem sem o menor sentido. Mas não é tudo.
No último dia 10 do corrente mês e ano o nosso folclórico prefeito de Curitiba o eng. Raphael Greca de Macedo, coadjuvado por Luiz Fernando de Souza Jamur Secretário do Governo Municipal, assinaram o malfadado Decreto No. 1.300 concedendo a medalha da “Ordem Municipal da Luz dos Pinhais de Curitiba” ao senhor João Agripino da Costa Doria Júnior, governador do Estado de São Paulo, por ter se distinguido pela notoriedade e saber ou por ter contribuído para o engrandecimento “da sociedade curitibana, pelo seu combate em favor da urbanidade, da Paz e do Bem no âmbito Municipal”.
É mesmo? E alguém sabia que o João tenha trazido tanta paz e bem para a comunidade curitibana? Eu não sabia e olhe que em virtude da pandemia não arredei o pé de nossa cidade nem por um só segundo. Claro que é mentira deslavada. Ele não passa de um político de ocasião que desde o começo da pandemia do Coronavírus em nosso país só administrou seu estado combatendo o tratamento preventivo desta trágica doença.
Pelo menos foi assíduo entrevistado nas retransmissões diárias da Rádio BandNews quando falava só do COVID-19 e metia o pau no governo federal. Usou do microfone na tentativa de poder se promover a fim de postular a Presidência da República. E o Greca com certeza vai lhe dar um tratamento especial para na cerimônia de entrega da medalha propiciar que ele fale em alto e bom tom tudo o que tem feito em prol do povo da Vila de N. S. da Luz dos Pinhais.
Uma piada com mil gargalhadas de purpurinas de todos os lados. Vou aguardar ansioso a chegada do Joãozinho aqui em nossas bandas só para ver a repercussão, o clamor popular e principalmente o abraço apertado do nosso alcaide com o famoso homem das calças apertadinhas…
“O João Doria Vem aí, Lá, lá, lá, lá, lá O João Doria vem aí” como diria o Silvio Santos. E para fazer o quê? Ganhar uma medalha pelo bem que tem feito ao povo de Curitiba. “Mentira! Mentira! Eu não sei de nada! Nunca vi!” - diria o Luiz Ignácio. Gente: é melhor rir do que chorar.”
Edson Vidal Pinto