Edson Vidal

O Fantasma da Fome

O Brasil sofreu anos a fio com uma catastrófica inflação que desvalorizava a moeda nacional e exigia malabarismo do povo para suportar a escalada dos preços. Não fosse a permanente reposição dos salários que mascarava a realidade e dava suportabilidade aparente para o povo não sucumbir, o fim da vertiginosa alta de preços era quase inimaginável. 

O governo Sarney tentou, o do Collor também e o Itamar conseguiu domar a grande fera. O brasileiro chegou a viver um período em que a moeda  nacional valia o mesmo que o dólar americano. Porém de uns anos para cá o dólar se desgarrou e foi para às alturas e os preços aos poucos foi saindo dos parâmetros desejáveis. E hoje ? O monstruoso dragão da inflação está solto e sem controle colocando a sociedade brasileira em alerta máximo, contribuindo para a insatisfação geral do povo e preocupações pela incerteza do que poderá acontecer num futuro próximo. A crise entre os Poderes da República ganhou o ingrediente mais explosivo que é o custo de vida desenfreado, fator que desestabiliza a economia e mexe com a tranquilidade dos brasileiros. 

O custo da alimentação, gasolina, gás, vestuário, eletricidade, água e impostos estão empobrecendo a classe média a camada social que equilibra a sociedade e permite sopesar a balança entre o maior e o menor salário. No entanto a classe intermediária está      perdendo fôlego  e os mais pobres quase não tem mais o que comer. E aqui reside o grande perigo que o Governo não pode ignorar pois no desespero da falta do que ter para comer os saques aparecem quando surgem as oportunidades e os oportunistas. 

E se isto acontecer será o pior para todos porque gera desordem pois o povo descontrolado nas ruas coloca em risco a segurança pública e compromete a estabilidade do Estado. Numa sociedade em que os juros admitidos sao escorchantes e desproporcionais pois qualquer valor irrisório de empréstimo pesa no bolso dos trabalhadores e vai engordar os lucros dos bancos ,  não proporciona saída plausível para driblar a falta de dinheiro. E os salários ? Um salário mínimo pífio, dos empregados celetistas achatados e dos funcionários públicos (in genero) estanques torna difícil para um chefe de família transpor a inflação em referência. 

Queira Deus que o pior não aconteça e que vencida a crise entre os Poderes da República o Presidente e os governadores possam pensar no povo, antes deste reagir desesperado para disputar um prato de comida e colocar em risco a democracia …

“Com os preços em alta a autoestima do brasileiro cai. Pudera o bolso é sensível e comanda a alegria de viver. E quando o dinheiro é engolido pela inflação não dá nem para fingir quando o prato está vazio.”

Edson Vidal 

 

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