O Inimigo da Família
Na Faculdade de Direito umas das cadeiras que fascina os acadêmicos é chamada de “Direito Romano” não apenas porque propicia conhecer os fundamentos da ciência do Direito, mas também por trazer à tona a própria história da civilização. Embora a Grécia leve o título de “Berço da civilização” e tenha sido responsável por ditar as bases para o Regime Democrático; foi Roma por ter erigido um poderoso império que contribuiu para estruturar as relações dos indivíduos dentro da sociedade através de edições de Códigos e alinhavou os contornos da família que ainda hoje conhecemos.
Tem uma máxima que diz: “ a família é uma partícula da sociedade”. Em outras palavras : com a socialização e proliferação das famílias é que se assentam as bases de todas as sociedades humanas, pouco importando a ideologia e nem a forma de governo. No mundo contemporâneo está visível que a família tradicionalmente conhecida e constituída de homem, mulher e filhos está estremecida com a tentativa de uma nova ordem de mentalidades estranhas que quer impor modelo diferente e que contraria a própria natureza humana. Mas não vou aprofundar este último tópico porquê não é o objetivo desta crônica.
Contudo uma coisa é certa : a família tradicional há cada dia que passa está se decompondo, não apenas pelo distanciamento físico dentre os membros de um mesmo clã, mas pelo vírus trazido no bojo de uma verdadeira “praga” tecnológica chamada “telefone celular”. Isto mesmo um aparelho pequeno mas que tem contribuído para ironicamente distanciar as pessoas que estão próximas entre si. E basta olhar nos lugares públicos as pessoas andando, parada, comendo, dirigindo no trânsito na sua maioria absortas nas telinhas de seus celulares. Jovens enamorados se encontram e não falam mais um com outro porque perdem seus tempos dedilhando seus telefones e as vezes até conversando com um terceiro para no intervalo de suas abstrações trocarem algumas palavras.
Conversar hoje em dia está caindo de moda porque o assunto não é mais importante do que aquele que é sempre atualizado na vil invenção desse aparelho que carrega o mundo dentro de si. E até as crianças pequenas estão abduzidos porque interessa aos seus pais distraírem-nas com a inoculação deste vírus. Trabalhar fora virou exceção porque um laptop ou um celular são suficientes para a prestação de muitos serviços. As pessoas estão cada vez mais fechados dentro de si mesmos. Claro que lá fora impera a tragédia do cotidiano, pois na “telinha” sabe-se de tudo sem o risco de por os pés na rua.
Eis aí os pilares que por certo vão sustentar as sociedades neste novo século -, cujo lema “cada um por si e Deus por todos” será o palco montado para as novas gerações. Será uma sociedade diferente da qual conhecemos hoje em dia porque a família terá uma nova aparência com personagens bizarros e filhos na grande maioria adotados. Isto se não forem substituídos pelos novos casais por cães e gatos. E o pior de tudo é que o celular cada ano que passa está mais aperfeiçoado. Tomara que um vírus eletrônico contamine os componentes de todos os celulares do mundo para sempre e que ninguém encontre um antídoto capaz de resolver o problema. Porque nossos netos não merecem viver num mundo como robôs e sem saber o que é o amor …
“A família tradicional está se sustentando por um pequeno fio preso no passado. Ela é uma célula da Sociedade. A conversa entre os indivíduos foi substituída pelo telefone celular. E este está emudecendo as gerações. O que será o amanhã ?”
Edson Vidal Pinto