Edson Vidal

Grande Hipocrisia

O jogo corre livremente nas chamadas  “ Casas Lotéricas “ onde o brasileiro arrisca e torce para que a sorte chegue e lhe tirar da rua da amargura. E quem não gostaria de ganhar um prêmio que pudesse mudar para sempre a rotina do cotidiano e olhar o mundo como uma verdadeira aldeia global ? Hoje aqui, amanhã em Paris e depois de amanhã em Bali e assim por diante, vivendo como um nômade pelos melhores hotéis, frequentando os melhores restaurantes e usufruindo da alegria de ser um  milionário. 

E o mais importante com o dinheiro no bolso e no banco ganho honestamente sem medo da polícia ou de quem quer que seja. Diga a verdade : você já sonhou que ganhou na loteria e realizou todos os sonhos de consumo ? Com certeza não é mesmo ? É claro porque é da natureza humana querer usufruir do bem-estar e viver sem preocupações econômicas. Ninguém duvida que em qualquer jogo o fator sorte é que decide o resultado da aposta. Li na edição de ontem na plataforma virtual da “Gazeta do Povo” que no Paraná o governo estadual pretende recriar  a sua loteria para reforçar o caixa que anda a perigo. Tudo Porquê o Poder Público detém  é que detém o monopólio do jogo no país. Mas nos bastidores da oficialidade ninguém ignora que outros jogos prosperam na clandestinidade onde corre rios de dinheiros, com verdadeiros tunquetes e cassinos funcionando às vistas de todos inclusive das autoridades policiais . 

É claro que muita gente ganha pois ninguém prega prego sem estopa. Daí a pergunta que não quer calar : por quê não oficializar os cassinos no país ? Medo ? Medo do quê ? Que sirva para lavar dinheiro; que os gângsters administrem os locais ou que pessoas pródigas e compulsivas percam tudo o que tem jogando sem parar ? Ora, estes argumentos perderam a razão de ser na medida em que os cassinos proliferam nas maiores capitais do mundo, servindo de fonte arrecadadora para os governos que fiscalizam com rigor a lisura dos jogos e a quantidade de dinheiro das apostas para fim de tributação. E os pródigos ? Ora estes jogam sem restrições nos jogos da Loteria Federal e continuam dilapidando seus patrimônios pois não existe limite para apostas. 

E tem mais : quem quer e gosta de jogar com certeza frequentará os cassinos e quem não gosta não precisa conhecer nenhum deles. Lembrando que o cassino não é penas lugar de jogos mas de shows também, com apresentações de mágicos, cantores e orquestras de todo o mundo. Além é claro de oferecer uma hotelaria de nível para todos os gostos. Eu não vou jogar em nenhum cassino mas não me importar com quem queira, pois cada um é dono de seu próprio nariz. Acho hipocrisia saber que existe intensa jogatina em todas as cidades do país e que o dinheiro fica nas mãos de poucos e não reverte em políticas públicas, servindo estes locais clandestinos para satisfazer o que de pior oferece o submundo.Sei que o tema é polêmico mas por ser atual achei que mereceria aborde. E como dizem uns e outros vem aí a Loteria de Natal, lembre-se : quem não arrisca não petisca …

“O jogo é uma gangorra que sobe e desce ; jogar é se sujeitar ao balanço de subir ou cair.  É uma especie de viagem sem volta se o jogador for compulsivo. Mas impedir o jogo é hipocrisia sem tamanho pois só beneficia o submundo.”
Édson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.