Edson Vidal

Vacas Magras

Tenho um amigo que me disse o seguinte : “se o Papai Noel aparecer na minha frente juro que darei nele umas boas chineladas, pois com o atual custo de vida dar presente é entrar com certeza no negativo do super cheque”. Parece brincadeira mas não é e ontem, como bom observador do cotidiano,  deparei pelas aparências que o povo mergulhou em um período de vacas magras. Apesar de tudo fico admirado como tem gente que em qualquer feriado meia boca desce e sobe da praia como se estivesse sobrando dinheiro no bolso. 

E nem acha caro o litro da gasolina. Pois bem, ontem dia da Proclamação da República e feriado nacional, fui com minha mulher almoçar no Shopping Barigui e sentir de perto o início das compras de natal, bem como, ver as atrações dedicadas às crianças para poder levar meu netinho. Depois de comer uma ótima salada de camarão no “Coco Bambu” entramos no agito das pessoas percorrendo os espaços do grande estabelecimento comercial e tinha gente como formiga encima de papel de bala 7 Belo jogado no chão, mal dava para andar e tinha que ter cuidado e olhar para baixo para não pisar em algum rabo canino. 

O shopping virou passarela de Lulu, Lalá, babões, enfarruscados e cães de todas as raças que gostam de levar seus donos passear no meio da multidão. É muito engraçado de ver e principalmente quando a “madame” fala com seu au-au. Com certeza o bichinho deve entender cada palavra porque ele faz questão de não obedecer. Nenhuma crítica por favor pois aprendi que o cão faz parte integrante da família e tem direito igual aos humanos, como recentemente numa demanda reconheceu o TJ do Paraná. É por isto que não quero pisar no rabo de nenhum deles para não ter que pagar em Juízo por dano (estético) material e moral ao bichinho. Mas voltando ao shopping. 

Gostei muito da decoração de Natal com o Papai Noel ouvindo as crianças, com uma imagem gigante de outro Papai Noel bem ao lado, bolas enormes de pinheirinho, muitos enfeites e até o teclado de um piano no nível do chão para as crianças pisarem nas teclas para ouvirem os sons das notas musicais. Vale a pena levar a petizada para alguns bons momentos de alegria. Mas pessoas comprando nas lojas dava para contar nos dedos, muita gente perguntando o preço ou verificando a qualidade dos produtos e mais nada. A praça de alimentação lotada e muitas lojas vazias. Presentear no Natal não será tarefa muito fácil para quem é assalariado pois os preços estão pela hora da morte, vi numa vitrine de uma loja tradicional uma camisa esporte de manga curta, nada de excepcional por quinhentos e trinta reais.

Não é preciso dizer mais nada, não é mesmo ? E isto sem contar os custos dos produtos para uma ceia de natal e o réveillon. E como será 2.022 ? Que ventos soprarão para o lado do Brasil ? Bem este tema com certeza merecerá uma crônica a parte porque será um ano de eleições e muitos petardos vão explodir nos redutos dos candidatos. Mas por ora, pensando bem no que falou meu amigo, já estou sentindo ódio do Papai Noel, acho que se ele aparecer em minha frente sou bem capaz de sequestra-lo para a felicidade geral daqueles que tem de comprar presentes. E claro, exigir resgate para soltá-lo no início do ano que vem, para pagar um saco de impostos com aumentos absurdos que tradicionalmente são cobrados no  início de cada ano …


“Natal e inflação não dá liga porque as mercadorias sobem de preço e o dinheiro míngua do bolso do consumidor. A pretexto de não ter ainda terminado a pandemia da COVID (que está recomeçando na Europa) o governador e o prefeito poderiam suspender (não o Natal) mas as compras e trocas de presentes. Pois estes podem conter o vírus; e nada melhor prevenir do que remediar.”

Édson Vidal Pinto

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