Parada Para Revisão

A máquina humana movida pelo coração exige de quando em quando alguns reparos e ajustes para se  continuar tocando a vida. É claro que com o passar dos anos existe pelo seu uso contínuo normal desgaste e na medida em que a idade avança a máquina humana começa as vezes a ratear e perder a força. Dá para contar nos dedos àqueles que ao chegarem na velhice não precisam ajustar nada como se o organismo resistisse impassível o estresse imposto pelo tempo e percalços normais do dia adia. 

Não pertenço a este rol de privilegiados porque apesar de já estar percorrendo há muito tempo o longo caminho da existência tenho parado seguidamente no “pit stop” de consultórios médicos e hospitais  para exames e cuidados clínicos da minha diabete, pulmão e coração. Com uso de medicamentos contínuos prossigo firme e forte como se fosse adolescente, pelo menos me iludo quando me sinto como tal. Mas hoje estou no “pit stop” e nesta hora com certeza meu coração está sendo bisbilhotado, artéria por artéria, para desobstruir a fuligem de suas paredes.

Como um bom “bode” que sou e dizem que bode não berra estou sereno e só penso no dia seguinte, quando o pior passar e um novo dia alvorecer. Uma rápida estadia no hospital exige paciência mas é o lugar mais seguro depois de um procedimento cirúrgico, pois a recomendação dada neste momento  é como ordem a ser cumprida. Com a saúde não se brinca. Ontem quando deitei a primeira coisa que lembrei foi das pessoas doentes, algumas em leitos de hospitais em situação grave e rezei ao Pai por todas elas, foi quando me dei conta de quão egoísta em sou por lembrar delas só neste momento em que estou envolto dentro de minha própria tensão emocional. 

O genero humano pensa muito mais em si que nos outros daí a falta de solidariedade e de respeito ao próximo. É numa hora de incerteza que enxergamos além do nosso nariz e sentimos o sofrimento alheio, acho que é uma sensação de fraternidade que olvidamos quando a vida nos sorri. Eis uma lição que jamais vou esquecer. Puxa, e pensar que num simples procedimento cirúrgico de um cateterismo parece que vou ficar no “pit stop” quando na verdade esta  parada é técnica e apenas para lubrificar o motor, cuidado de uma equipe médica para que eu não tropece no caminho…

“Nada como um dia após o outro, pois quando um é  tenso o outro nasce  para dar esperança. E o ser humano vive nesta gangorra chamada vida.Ela serve para pensar e amadurecer.”

Édson Vidal Pinto