Viajando Pelo Brasil
As vezes estamos tão envolvidos no redemoinho do cotidiano que nos esquecemos de viajar pelo nosso país para conhecer nossas diferenças regionais, cultura, modo de vida e as longas distâncias que nos separam geograficamente. Dizer que o Brasil é um país continente de relevo variado e gente de todas as raças e que o Rio Amazonas é o “rio-mar” é bater sempre na mesma tecla manjada para tentar justificar que nunca poderíamos ser um federação de estados-membros, mas, sim, um Estado Confederado para poder ser bem administrável.
Cabendo ao Governo da União apenas a representatividade externa, defesa e zelo pelos princípios constitucionais e os estados individualmente cuidando de suas políticas públicas com independência e forjando o próprio progresso de acordo com sua economia. Erro histórico do qual padecemos e que não permite correção por motivos óbvios. Quem não pode sobreviver com o que não tem com certeza não quer se separar dos estados mais afortunado. Tema que reservo para outra crônica.
Pois bem : dias atrás sem querer e sintonizado no YouTube, um canal de cultura e lazer que a TV paga oferece aos seus assinantes, comecei a viajar pelo nosso país sem sair de casa e gostei tanto que todos dias procuro ao menos fazer uma nova viagem para conhecer de perto o que temos e ignoramos por não percorrer o chão em que nascemos. Vale a pena experimentar a sugestão que estou dando. Na primeira viagem embarquei num navio que navega por vários rios amazônicos no trecho Tefé - Manaus, de cinco andares, com o primeiro piso reservado para transportes de veículos de pequeno e médio portes e também de mercadorias para vários destinos ao longo do trajeto de quatro noites inteiras. Nos demais pisos seiscentos passageiros entre homens, mulheres e crianças que penduram suas redes nos ganchos dos espaços vagos para dormir e serve de lugar para acomodar no chão as suas bagagens. Na proa da embarcação tem três cabines de cada lado, com cama de casal, ar condicionado e banheiro privativo para quem puder custear a viagem sem sofrer privações.
Em cada piso tem banheiros masculino e feminino, chuveiros e pias para higienes pessoais. No penúltimo piso tem o refeitório para o café da manhã, almoço , jantar e no andar superior um bar com amplo espaço para recreação. Três contramestres se revezam no comando do navio e trinta funcionários entre marinheiros e serviçais fazem as tarefas diárias para conforto dos passageiros. Nas entrevistas realizadas com diversas pessoas é possível notar que a grande maioria da população depende basicamente do Governo Federal para suas subsistências e assistência médica. A canoa, o barco, o navio e as balsas são os meios mais comuns de transporte e suas atividades são intensas alem de cumprirem trajetos que vão além de nossas fronteiras. O nortista é um povo valente e que não tem nada de acomodado porque trabalha na adversidade dentro de uma floresta inóspita e desafiadora. E na chegada do Porto de Manaus é uma correria entre os carregadores de malas para ajudar os passageiros no desembarque até o ponto de táxi mais próximo.
Lembrando que em todo o trajeto a tripulação e os passageiros do navio quando passam ao lado das comunidades ribeirinhas jogam no rio, dentro de sacos plásticos, comidas e presentes que são apanhadas pelas crianças que se aproximam com suas frágeis canoas. E pensar que um tal Estatuto da Criança e do Adolescente acha que pode proibir o trabalho das crianças -, pois no caso as crianças ribeirinhas trabalham para recolher as doações e também pescam para poder viver. A segunda viagem eu fiz dentro de um ônibus entre Pelotas- RS até Fortaleza -Ceará , também de cinco noites e foi uma aventura cansativa porém inesquecível. Na saída um único passageiro e na chegada o coletivo estava lotado.
Nas entrevistas com alguns deles sempre uma história triste ou alegre, entremeada com paradas ao longo do percurso para refeições e banho em pontos mais diversos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco até chegar em Fortaleza o destino final. Nas duas viagens que embarquei aprendi a gostar mais do nosso país, respeitar o seu povo trabalhador e sofrido e me ufanar de de suas belezas naturais incríveis.
Como é bom conhecer o que é nosso para valorizar o que temos e compreender pela extensão territorial cheia de contrastes e peculiaridades regionais o quão difícil é governar um país gigante e com problemas de todas as ordens. Mas mesmo assim apesar de todas as adversidades não podemos jamais perder a liberdade que só a democracia nos oferece, por isto temos que valorizar nosso voto e redobrar nosso cuidado para não perdermos nas urnas um país tão maravilhoso como o Brasil …
“A língua ferina e maldosa de maus brasileiros que sonham transformar o Brasil numa republiqueta comunista, tem que ser calada. Um país grandioso como o nosso não pode jamais sucumbir pela lábia daqueles que caíram no canto da sereia. Nada de desperdiçar o voto em candidatos fantoches e oportunistas. É preciso pensar no futuro da Pátria.”
Édson Vidal Pinto