Edson Vidal

Boi de Piranha

 
Confesso que me surpreenderam as opções tomadas por Sérgio Moro que só tem lhe causado muita dor de cabeça, quero crer que por falta de um bons amigos e conselheiros que pudessem lhe abrir os olhos antes de se aventurar ingenuamente em projetos que só atendem interesses de terceiros. Desde que os inquéritos da Lava Jato caíram por distribuição em seus braços tornando-o da noite para o dia o centro das atenções da mídia nacional, achei que ao invés de se manter distante dos holofotes e microfones para se reservar como verdadeiro Juiz a fim de evitar exposições indevidas, por saber que os indiciados eram políticos espertos e que constituiriam advogados habilidosos para defendê-los, intitulou-se  como o único togado capaz de modificar os rumos do país. 

Sua fama de justiceiro foi além fronteiras e conquistou fama internacional. Muitas conferências, palestras e entrevistas sobre os temas que julgara despertando ciúmes entre os integrantes do STF não acostumados de ficar em segundo plano. Nos serviços  do MP Federal titular das ações penais públicas logo surgiram nomes de jovens Procuradores da República que também se deixaram levar pela pouca experiência nas trincheiras do Direito Penal. Suas quedas de popularidades eram fatos esperados porque sabidamente nos bastidores estavam sendo tramadas armadilhas jurídicas para subtrair da lei , dentre outros ladrões, o famigerado  padrinho Luiz Ignácio. 

E a trama culminou com dois julgamentos emblemáticos no STF : a) a incompetência da Vara Federal em que era juiz o Sérgio Moro; e b) o reconhecimento de sua suspeição no processamento e julgamento dos processos da denominada Lava Jato. Suficientes para anular todos os processos para que recomeçassem desde o início.  Antes destas duchas de água fria o então Magistrado incorreu no equívoco de pedir demissão do cargo de Juiz Federal para assumir cargo comissionado no Governo Federal de Ministro da Justiça entrando, assim, na tênue linha política e também de insegurança por poder ser exonerado sem necessidade de justificativa. Neófito e sem jogo de cintura logo se sentiu desprestigiado e saiu do cargo cuspindo no prato que comeu. Perdeu a compostura que lhe restava de juiz pela falta de discrição. 

Foi trabalhar nos EEUU. Homem preparado e culto não encontrou dificuldades para encontrar a garantia de um ótimo emprego. Mas sem ter aprendido nenhuma lição pelos dissabores que teve em razão de suas opções equivocadas  logo caiu na rede ardilosa de três senadores pelo Paraná que lhe seduziram para ingressar na política e disputar o cobiçado cargo de Presidente da República. Três políticos apenas considerados dentro de seus próprios estados e tiros n’agua fora dele, portanto três muletas sem nenhuma outra serventia que pudessem levá-lo até o Planalto. Quando poderia ingressar na política concorrendo cargos eletivos menos pretensiosos e ser eleito sem sair de casa, caso dependesse apenas do eleitorado paranaense onde goza de suficiente prestigio, caiu no canto das três “sereias” e optou pelo tudo ou nada : concorrer à Presidência. Um verdadeiro salto no precipício sem pára-quedas. 

Nesta hora poderia estar garimpando votos apenas dentre os eleitores do estado para conquistar uma cadeira de deputado estadual, federal ou senador mas está agora levando pedradas da imprensa engajada com a esquerda e de seu ex-companheiro e amigo Bolsonaro. E o pior: sua participação no cenário nacional é pífia pois não tem eleitores além dos estados do sul. Virou boi de piranha e será o único responsável se o Luiz Ignácio retornar ao Poder pois tirará votos unicamente do atual Presidente. Plano quem sabe urdido pelos três senadores que sabidamente não comungam ideologicamente com o Bolsonaro. E por populismo o Ratinho para garantir de vez sua reeleição já acertada com velhas lideranças políticas do Paraná subirá no palanque ao lado do Moro e do Álvaro. Estas são as pedras que estão no tabuleiro político e todas elas pintadas com a mesma cor , e pelo andar da carruagem parece que só o Moro ficará de fora na vitória final …


“No jogo da política quem não souber jogar não chegará a lugar nenhum. Antes de se aventurar é preciso avaliar muito bem os interesses daqueles que mais lhe incentivam para entrar na guerra dos votos, porque não faltam amigos da onça e que logo abandonam o barco quando surgir a primeira marola.”

Édson Vidal Pinto

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