Edson Vidal

Só Um Sustinho de Leve

(Crônica No. 3.193). Hoje, 04 de dezembro de 2.022, domingo. Lembro muito bem onde eu estava em 31 de março de 1.964, quinta-feira, tempo em que o Brasil vivia a pior crise com Jango Goulart na Presidência da República insuflando um levante comunista e com o povo marchando pelas ruas e pedindo a intervenção das FFAA, pois neste final de dia eu, o Ricardo Cravo e o Paulo Darcheaux Pereira, três estudantes de Direito e funcionários da Consultoria Geral do Estado (hoje Procuradoria Geral do Estado), estávamos na segunda sessão do matinê, no Cine Avenida, assistindo o terceiro filme da série James Bond, intitulado “007 Contra Goldfinger”. Nós tínhamos combinado de sair mais cedo da repartição (16:00 hrs.) para assistir o filme porque pouca gente compareceu para trabalhar, pois o clima do país era de incerteza, com muitas greves, muito agito nas ruas e informações desencontradas. E o filme do James Bond era o melhor cardápio do momento. E foi no melhor da trama , por volta das 17:00 horas mais ou menos, que dentro do cinema começou um barulho ensurdecedor que vinha da rua, quando a sessão foi interrompida, as luzes foram acesas e público por curiosidade começou a levantar das poltronas para sair e ver lá fora o que estava acontecendo. Mal cheguei na porta de saída vi um Jeep do Exército Brasileiro na frente de três blindados desfilando na rua XV de Novembro, com os populares aplaudindo e gritando “Viva o Brasil”. A revolução tinha começado. Eram quatro veículos que entraram simbolicamente em Curitiba, vindos de uma frota de dezenas de outros veículos militares que ficaram estacionados na antiga BR-2, sob o comando do gel. Mourão, que também levava soldados com destino à cidade de Porto Alegre para combater o governador do RS, Leonel Brisola, que tentava resistir para manter seu cunhado na Presidência. O barulho dos tanques e a sirene ligada do Jeep ecoava por todo o centro da cidade, numa demonstração de força e poder. Fico só pensando se este mesmo cenário acontecesse na semana que se inicia, com os blindados circulando por nossa cidade e pelo país todo para atender os reclamos do povo e impedir a posse de um ladrão na Presidência da República. Com certeza muito papudo, muito comunista que frequenta o Country Club ou o Clube Curitibano, que vive pelas saunas e jogando tênis ou golfe ficariam com o fundilho  da calça borrada. Os valentões que vomitam coragem no Foro de São Paulo e altivez só de palanque, passarão a falar fino, de maneira respeitosa e querendo nunca mais ser lembrado nem para participar de festinha de batizado. Os Xandões e toda a sua turma vão para Portugal por conhecerem muito bem o caminho, viverão exilados às custas dos ricaços da Nacional Socialista. A Gleisi, coitadinha, vai morar na Venezuela com sua tropa do MST. O Mojica vai residir no Equador porque está fugido do Uruguai. E assim todos os demais personagens. que estão infernizando diariamente nossas vidas, vão deixar o país para viver no Haiti ou na Guiana Francesa. Será uma limpa, porque os que não tiverem dinheiro no bolso e ficarem, hão de comer o pão que o diabo amassou. Uma vingança sem maldade, sem intenção revanchista, apenas para dar um susto nesta turminha do mal. E pensa que eu esqueci do Luiz Ignácio ? Não esqueci não, apenas deixei ele por último e acho que ele vai se sair muito bem, pois no chamado “anos de chumbo” ele foi um verdadeiro camaleão pois permaneceu ileso e intocado. Desta vez ele vai ser coroinha nas missas do Francisco, embora amigado, vai tramar os pauzinhos com o clero para assumir o posto do jesuíta quando este partir para o céu. Só temo pelo fim da igreja católica, mas isto, é uma outra história. Engraçado : tem horas que eu penso um pouco mais, vejo os movimentos das FFAA, analiso os últimos acontecimentos e fico com a impressão que algo poderá acontecer nos próximos dias. Não sei ao certo o quê, mas não é impossível que o Natal seja muito auspicioso para o nosso país …

“Ah, se um milagre acontecesse nesta terra de Cabral, para afastar os gângsters do poder e devolver à esperança ao povo que pensa e reza por um futuro melhor. Afinal, a esperança sempre é a última que morre!”

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.